A expectativa é grande para o resultado dos dois clássicos marcados em Belo Horizonte para a final da Copa do Brasil e tanto atleticanos quanto cruzeirenses estão otimistas em relação ao resultado. Mas, para quem mora ou trabalha próximo aos estádios do Mineirão e Independência, os jogos viraram motivo de receio. Cansados de enfrentar transtornos em dias de partidas normais, eles temem que os problemas tenham dimensão ainda maior durante os confrontos entre Galo e Raposa. Falta de segurança, sujeira na porta das casas e do comércio, ausência de banheiros químicos, danos ao patrimônio e até ameaças de torcedores estão na lista de incômodos citados pelas comunidades no entorno das arenas.
Com a grande movimentação de torcedores – 23 mil são esperados no Independência e cerca de 60 mil no Mineirão – os moradores ainda têm medo de que os órgãos de segurança e a fiscalização não dêem resposta suficiente para barrar a atuação de ambulantes, achaques de flanelinhas e o consumo de drogas que a população diz existir, mesmo em jogos menos movimentados.
No Horto, Região Leste, moradores criticam a realização da partida no bairro que tem perfil residencial. O primeiro jogo será no Independência, dia 12, e a decisão está marcada para dia 26, no Mineirão. “Dia de jogo é um horror para quem mora aqui. Torcedores já jogaram uma pedra e quebraram a janela do meu vizinho e também ameaçaram invadir nosso prédio. A insegurança é muito grande”, afirma a dona de casa Andrea Alves, morada da Rua Manoel Caillaux, vizinha à arena.
Gerente de um pet shop na Rua Nancy de Vasconcelos Gomes, também no Horto, Cláudia Cristina Lopes, de 38, relata problemas.
Presidente da Associação dos Amigos e Moradores do Entorno do Estádio Independência (Aameia), Adelmo Gabriel Marques, conta que já protocolou diversos abaixo-assinados na Administração Regional Leste da Prefeitura para cobrar resposta para estes e outros problemas, como a presença dos vendedores ambulantes e flanelinhas. Sem uma ação efetiva de melhoria, o presidente disse ter levado o caso ao Ministério Público de Minas Gerais e aguarda um posicionamento do órgão. “A questão dos banheiros é um jogo de empurra. A PBH diz não ter responsabilidade e a Arena alega ser responsável pela parte interna do evento. Enquanto isso, a comunidade paga o preço do transtorno. Uma providência precisa ser tomada”, cobra.
CHURRASCO NA RUA No entorno do Mineirão, os problemas se repetem. “Antes da reforma (do estádio), o Mineirão já chegou a receber até 160 mil torcedores e não tínhamos problemas se comparados com os que temos atualmente. Agora, eles proíbem o estacionamento e venda ambulante no entorno imediato da arena. Toda essa demanda foi jogada para a porta de nossas casas”, afirma o aposentado Eder Figueiredo, que é membro da Associação Pró-Civitas dos bairros São José e São Luiz. Dono de uma loja na Rua Artur Itabirano há 40 anos, ele diz que ninguém vai ao comércio nos dias de jogos.
Vizinha ao aposentado, a dona de casa Elizabeth Dolabela Dubal, também integrante da associação, relata que algumas melhorias na fiscalização do comércio ambulante e no trânsito foram alcançadas após reuniões com a Regional Pampulha e demais órgãos envolvidos na operação dos jogos. “Mas o problema das ruas virarem banheiros públicos e a sujeira após as partidas permanecem. No dia do clássico, pode ser ainda pior”, afirma..