Jornal Estado de Minas

Chileno disse a comissários que tinha suspeita de ebola e causou grande mobilização

Ele foi diagnosticado com diarreia. Ele disse suspeitar da enfermidade pelo fato de ter tido contato com dois africanos - de Angola e de Gana

Junia Oliveira
Um chileno de 41 anos levou pânico e susto aos passageiros do voo 1095, vindo de Salvador, que desembarcaram no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, às 10h de ontem.
Ele passou mal durante a viagem e informou aos comissários de bordo a suspeita de estar com ebola. Imediatamente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi acionada e, quando a aeronave pousou, uma equipe já estava a postos para entrar no avião. A doença foi logo descartada e, no fim da tarde, o que era ebola se transformou numa simples diarreia.

Os técnicos da Anvisa cumpriram protocolo internacional indicado para casos de suspeita da enfermidade: entrevistar o possível doente, demais passageiros e tripulantes. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença foi logo descartada apenas como as respostas do homem ao questionário. O chileno relatou ter ficado na capital sergipana por 35 dias. No início do mês, ficou internado por cinco dias, com quadro de náusea e vômito, mas nenhum problema foi constatado nos exames.


Ele disse suspeitar da enfermidade pelo fato de ter tido contato com dois africanos – de Angola e de Gana, países não endêmicos – quando estava em Aracaju e ter compartilhado um copo com um deles, ainda segundo informações da assessoria de imprensa do ministério. O ebola não é transmitido pelo ar. A transmissão entre humanos se dá por meio do contato com sangue, secreções ou outros fluidos corporais de uma pessoa infectada e somente quando o paciente apresenta sintomas da doença.

Depois do trabalho da Anvisa, o paciente foi atendido também por equipe do Hospital Eduardo de Menezes, referência da Rede Fhemig para doenças infectocontagiosas, com suspeita de malária, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde. Essa doença também foi descartada. Em seguida, foi levado ao Hospital Municipal Odilon Behrens, no Bairro Lagoinha, na Região Nordeste de BH, onde chegou por volta das 15h com possível quadro de hemorragia digestiva. O chileno passou por avaliação médica e exames ao longo da tarde, entre eles uma endoscopia. Houve resultado negativo para dengue e malária.

EPIDEMIA


O vírus ebola foi identificado pela primeira vez em 1976, no Zaire (atual República Democrática do Congo), e, desde então, tem produzido vários surtos no continente africano. Esse vírus foi transmitido para seres humanos que tiveram contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, morcegos-gigantes, antílopes e porcos-espinhos. Em seres humanos o período de incubação pode variar de dois a 21 dias. Há cinco espécies de vírus, sendo o Zaire ebolavirus o que apresenta a maior letalidade, geralmente acima de 60% dos casos diagnosticados.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o recente surto do vírus é o maior desde que a doença apareceu pela primeira vez. Quase 5 mil pessoas morreram de um total de 13,2 mil infectadas em oito países até o início do mês – a maioria delas, na África Ocidental. Os países mais afetados são Libéria, Serra Leoa e Guiné..