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Estado de Minas

Depois da seca, chuva chega provocando estragos e prejuízos em cidades mineiras

Estado ainda tem 171 cidades em emergência devido a uma das piores estiagens da história. Mas, em outros municípios, estação das águas já traz problemas


postado em 14/11/2014 06:00 / atualizado em 14/11/2014 07:28

Franciscópolis, no Vale do Mucuri, é o principal exemplo de extremos: produtores rurais como Manoel Gomes Pereira têm, na mesma propriedade, áreas ainda alagadas e gado morto de sede(foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.a press)
Franciscópolis, no Vale do Mucuri, é o principal exemplo de extremos: produtores rurais como Manoel Gomes Pereira têm, na mesma propriedade, áreas ainda alagadas e gado morto de sede (foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.a press)

O clima colocou Minas em uma situação de extremos. De um lado, 171 municípios com decretos de emergência ainda enfrentam os transtornos da estiagem, com prejuízos como perdas na lavoura e racionamento de água. De outro, cidades começam a sofrer com tempestades e pelo menos cinco já comunicaram problemas com temporais, raios e granizo à Defesa Civil estadual. Destas, Carangola, na Zona da Mata, Rio Piracicaba, na Região Central, e Sabará, na Grande Belo Horizonte, também se declararam em emergência devido a danos causados por chuvas intensas. Há ainda municípios onde as primeiras precipitações foram insuficientes para pôr fim ao racionamento, como em Viçosa, na Zona da Mata, onde o rodízio foi implantado há dois meses. E outros que enfrentam no próprio território o pior dos contrastes. É o caso de Franciscópolis, no Vale do Mucuri, onde os agricultores e o gado magro ainda sofriam com a seca quando a pior tromba-d’água da história varreu a cidade

Gado não resistiu à seca em Franciscópolis(foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Gado não resistiu à seca em Franciscópolis (foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Franciscópolis decretou estado de emergência há cerca de um mês, motivado pela seca. Os problemas não foram resolvidos e a prefeitura já elabora documento semelhante por causa do temporal. Extremos como esse exigem esforços em diferentes linhas da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). De acordo com o superintendente técnico e operacional do órgão, major Anderson de Oliveira, ainda há 90 rotas em cidades mineiras para abastecimento de água por meio de caminhões-pipa. Apesar de concentrado em municípios do Norte do estado, o serviço também tem sido comum em áreas antes marcadas pela abundância de água, como a Zona da Mata e o Centro-Oeste mineiro. “Em casos mais críticos, a Cedec também tem auxiliado as coordenadorias municipais, enviando alimentos para famílias atingidas pela seca. O município começa o atendimento com os recursos que possui, enquanto o estado e a União fazem o trabalho complementar”, afirmou o militar.

Ao mesmo tempo, o início da atuação de frentes frias sobre Minas, desde o fim de outubro, já obrigou o estado a colocar em prática seu plano de contingência para chuvas. “Estamos emitindo alertas de tempestades e temos 15 regionais abastecidas com material de ajuda humanitária, como alimentos, roupas, colchões e água potável. Equipes de Defesa Civil já foram treinadas e estamos em alerta para os casos de desastre que, infelizmente, vão acontecer”, explicou o major Anderson, lembrando ainda da importância de a população assumir comportamentos de proteção para minimizar o risco de acidentes. Segundo ele, os problemas já são esperados porque muitas cidades têm, além da topografia acidentada, passivos históricos em infraestrutura. “Em muitos casos, houve crescimento sem planejamento urbano e casas foram construídas em áreas de alagamento ou em encostas”, completa.

Sabará é um desses exemplos. De acordo com o coordenador de Defesa Civil municipal, tenente Marcelo Oscar de Queiroz, as várias construções em encostas ou às margens do Rio das Velhas representam perigo em época de chuvas. No último dia 28, a cidade enfrentou problemas com uma tempestade. “Houve muito pânico. Uma creche ficou alagada durante o horário de funcionamento e muitas pessoas perderam todos os bens, que foram levados ou ficaram molhados pela chuva”, contou. Segundo o coordenador, um trabalho preventivo tem sido feito com moradores de áreas de risco para evitar acidentes.

Mesmo sem registro de prejuízos materiais, a cidade de Santo Antônio do Monte, no Centro-Oeste de Minas também já comunicou eventos de chuva à Cedec. Pode vir de lá o registro da primeira morte neste período chuvoso. A cidade foi atingida por uma tempestade de raios em 20 de outubro e um homem foi vítima de descarga elétrica na zona rural. O temporal ocorreu dias depois de o município, assim como outros da região, enfrentar problemas com o abastecimento. “Faltou água por uns oito dias e precisamos recorrer ao caminhão-pipa. Com as últimas chuvas, o abastecimento foi normalizado. Mas não esperávamos tantos raios”, disse o coordenador de Defesa Civil local, Luis Jesus da Silva.

Em Sabará, na Grande BH, preocupação é com cheias e população em áreas de risco(foto: Defesa Civil de Sabará/Divulgação)
Em Sabará, na Grande BH, preocupação é com cheias e população em áreas de risco (foto: Defesa Civil de Sabará/Divulgação)

RACIONAMENTO
Em Viçosa, na Zona da Mata, o caminhão-pipa continua sendo necessário, mesmo depois das primeiras chuvas, insuficientes para recompor os reservatórios. “Ontem (anteontem), tivemos a primeira pancada, com volume de 43 milímetros. Outros registros tinham sido de apenas 5mm e 8 mm”, explicou o coordenador municipal de Defesa Civil, Rodrigo Cardoso de Souza.

Em Francisco Sá, no Norte do estado, a situação se repete: moradores das partes mais altas também continuam enfrentando racionamento e quase toda a população da zona rural é atendida por caminhões-pipa. O prefeito Denilson Silveira (PCdoB) explica que no fim de outubro e nos primeiros dias deste mês choveu no município, mas não o bastante para a recuperação da barragem do Rio São Domingos, que está com 12% de sua capacidade.

Em quatro bairros nas regiões mais altas da cidade, a água só chega em determinado período, em dias alternados. “A situação está muito complicada. Muitas vezes, os moradores precisam recorrer aos vizinhos para terem água para beber”, afirma Dione Ferreira Gomes, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Jardim Brejo das Almas, uma das áreas afetadas. Dione disse que foi perfurado um poço tubular, cuja água é salobra, e mesmo assim ele ainda não tem serventia, pois depende da ligação de energia para uso de uma bomba.

Em Francisco Sá, no Norte de Minas, caminhões-pipa fazem fila para abastecer moradores(foto: Antônio Reis/Divulgação)
Em Francisco Sá, no Norte de Minas, caminhões-pipa fazem fila para abastecer moradores (foto: Antônio Reis/Divulgação)


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