Sobe para três o número de ônibus incendiados por moradores em represália a uma ação da Polícia Militar que terminou com um morto na noite de sábado em um aglomerado no Bairro Calafate, Região Oeste de Belo Horizonte. O terceiro veículo foi queimado nas proximidades da Avenida Tereza Cristina. O ônibus, placa OQW 5481, da linha 6780 (BH-Ipê Amarelo), ficou parcialmente destruído.
Por sorte, ninguém ficou ferido. Havia cerca de 15 passageiros, entre eles crianças, que desceram rapidamente antes das chamas espalharem. De acordo com o tenente Dante Lelis da PM, nenhum responsável pelos três incêndios foi preso. A presença policial é intensa na tarde deste domingo na região. O primeiro ataque aconteceu na noite de sábado quando os moradores revoltados cercaram um coletivo a Via Expressa. Segundo os bombeiros, foram gastos 3 mil litros de água para combater o fogo.
O clima é tenso no local desde a noite passada. As versões da polícia e dos moradores divergem. De acordo com a PM, consta no boletim de ocorrência que uma equipe fazia uma incursão no Beco Biguatinga, que fica no Aglomerado Bimbarra. O beco é conhecido como ponto de venda de drogas.
A equipe se dividiu nos dois extremos do beco e um dos policiais abordou um adolescente de 15 anos, que estava com oito pinos de cocaína. O policial apreendeu o menor e chamou os outros colegas. Enquanto aguardava o reforço, ele foi abordado pelo pai do adolescente e outros três homens, que tentaram impedir a apreensão. O homem tentou tomar o filho e os outros homens agrediram o policial com socos e chutes. Durante a ocorrência, um grupo de 50 pessoas foi para o local e hostilizou a ação, agredindo os outros policiais.
O adolescente conseguiu escapar durante a confusão generalizada. Ainda de acordo com a polícia, um jovem de 23 anos entrou em luta corporal com um PM e tentou tomar sua arma, momento em que houve um disparo. O rapaz identificado como Alexandro de Souza foi atingido na cabeça. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Oeste, mas não resistiu.
A confusão continuou e a viatura dos policiais foi danificada a pedradas. Os policiais chegaram a usar balas de borracha e uma bomba de efeito moral para conter os moradores. Ninguém foi atingido. Ainda no tumulto, moradores se revoltaram e incendiaram o primeiro coletivo.