A quadrilha presa por venda de gabaritos pode ter fraudado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em cinco estados brasileiros. A informação é do delegado Jeferson Botelho, Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária. A operação da Polícia Civil, que prendeu 33 envolvidos nas cidades de Belo Horizonte, Teófilo Otoni e no interior de São Paulo, continua na manhã desta segunda-feira. Um policial civil, lotado em Governador Valadares, está entre os presos.
A polícia cumpre mandados de busca e apreensão em três cidades. Enquanto os policiais fazem diligências, o delegado responsável pelo caso, Antonio Junio Dutra Prado, está autuando as pessoas presas no domingo. Entre os detidos estão 11 fraudadores e 22 candidatos que faziam as provas para o curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (CMMG), em uma universidade no Bairro Buritis, Região Oeste de BH. Eles vão responder por formação de quadrilha, fraude em certame de interesse público e falsidade ideológica. Alguns podem ser liberados ainda hoje com pagamento de fiança, e outros continuarão presos.
Nesta manhã, os policiais estão em busca de documentos, computadores, cópias de gabaritos, dinheiro e bens adquiridos pela quadrilha milionária. Dois porsches de membros da organização criminosa foram apreendidos em Teófilo Otoni. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, que acompanhou a operação, os líderes do bando mantinham alto padrão de vida, tendo como renda fraudes em vestibulares e cobrando de R$ 60 mil a R$ 200 mil para garantir uma vaga em faculdades.
Usando um rádio transmissor, numa frequência ajustada nos micropontos (escutas) dos candidatos, Áureo repassava as respostas. Além da fraude no vestibular de ontem, foi apurado que o grupo, a partir de uma base num hotel em Pontes e Lacerda (MT), passou informações do gabarito das provas do Enem para vários candidatos.
A Faculdade de Ciências Médicas vais se pronunciar à tarde. A diretoria está reunida nesta manhã para tratar do caso.
Continuidade das investigações
A equipe da Polícia Civil que atua junto ao Núcleo de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público continuará trabalhando com os promotores de Justiça nas próximas horas, formalizando os Autos de Prisão em Flagrante, para que o resultado final da operação denominada Hemostase II seja apresentado nos próximos dias. Na Operação Hemostase I, a Polícia Civil já havia desbaratado uma quadrilha que também fraudava vestibulares de medicina. Como na época foram levantados indícios de fraude no Enem, o caso foi repassado para a Polícia Federal.