Moradores dos 34 municípios que compõem a Região Metropolitana de Belo Horizonte experimentaram em uma década melhorias em educação, renda e expectativa de vida, que levaram a Grande BH a saltar do quinto melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil para o quarto lugar. É o que mostra a variação entre 2000 e 2010, considerando 16 regiões metropolitanas de capitais brasileiras e do Distrito Federal, medida pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e Fundação João Pinheiro, que divulgaram, ontem, o Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
Considerado o aglomerado urbano que tem BH como centro, Nova Lima foi a cidade que apresentou melhor qualidade de vid. Em geral, na década analisada os municípios mineiros conseguiram extirpar índices considerados muito negativos e ampliar indicadores mais altos, sendo que 14 deles tiveram melhora acima de 20%. Os bairros da Região Centro-Sul de BH estão entre os de melhores condições e os da periferia de Santa Luzia, entre os piores. Apesar da melhoria de indicadores, a desigualdade ainda é marcante na região, com comunidades mais prósperas ostentando índices até 60% superiores aos das mais humildes, criando contrastes entre municípios e até entre bairros.
O IDHM é composto de três parâmetros: longevidade, acesso à educação e renda. O índice tem pontuação máxima de 1 e piora ao se aproximar de zero. Pelo IDHM absoluto, a Grande BH chegou a 0,774 pontos, aumento de 13,5% considerando o índice de 0,682 de 2000, ultrapassando o antigo quarto colocado, Porto Alegre, que despencou para a nona posição. A diferença para a melhor região metropolitana, a de São Paulo, com 0,794, caiu de 0,032 para 0,020 ponto.
O menor IDHM de 2000, com índices inferiores a 0,499 e conceito “muito baixo”, se encontrava espalhado em bairros de periferia de Belo Horizonte, Betim, Caeté, Contagem, Esmeraldas, Ibirité, Lagoa Santa e Santa Luzia. Uma década depois, não foi registrado nenhum espaço com esse tipo de condições, consideradas péssimas. Santa Luzia tem áreas uma categoria acima do pior indicador, com conceito “baixo” (entre 0,500 e 0,599). “O conceito ‘muito alto’ descreve lugares onde há capacidade de prosperidade, equidade e inclusão para o maior número de pessoas da comunidade, sendo que abaixo disso temos mais pobreza, mais desigualdades e maior grau de exclusão dos habitantes”, afirma Vera Castilho, pesquisadora que trabalhou no atlas.
NOVA LIMA A fórmula de Nova Lima para ultrapassar a capital mineira foi a melhora expressiva em todos os quesitos avaliados. Em um município que experimentou na década estudada um crescimento expressivo de condomínios e de empreendimentos de alto padrão, os nova-limenses tiveram a expectativa de vida ampliada em 5,63 anos, passando para 78,10 anos, enquanto os vizinhos belo-horizontinos, ainda que contando com aumento de 6,34 anos, chegaram a uma idade média menor, de 76,37. A renda per capita de Nova Lima é de R$ 1.731,84, enquanto na capital não passa de R$ 1.497,29. No caso da frequência escolar, o índice dos nova-limenses aumentou de 9,16 para 9,38 anos, considerando alunos até 18 anos, enquanto na capital caiu de 10,14 para 9,87 anos.
O município que mais evoluiu no IDHM foi Jaboticatubas, com o índice saltando de 0,524, em 2000, para 0,681. A expectativa de vida, que aumentou de 69,19 para 75,19 anos e a renda per capita, que saltou de R$ 376,10 para R$ 602,48 (60% de aumento), foram os principais fatores para o desempenho. Apesar de apresentar o pior índice entre os 34 municípios da Grande BH, Rio Manso foi o segundo que mais evoluiu, melhorando em 29% sua qualidade.
Todas as 16 regiões metropolitanas brasileiras apresentaram índice de alto desenvolvimento, acima de 0,700. Entre 2000 e 2010, a diferença entre a região metropolitana de mais elevada posição (São Paulo), e a mais baixa, que continua sendo Manaus, caiu de 22,1% para 10,3%, mostrando redução na desigualdade.
Saiba mais
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
O IDHM é uma adaptação para que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – medida criada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento como alternativa a parâmetros meramente econômicos – pudesse ser usado para medir a qualidade de vida em cidades brasileiras. Foi criado em 1998, e ajusta o IDH para a realidade dos municípios e regiões metropolitanas, refletindo especificidades e desafios regionais. Para aferir o nível de desenvolvimento humano das unidades federativas, municípios e regiões metropolitanas são usados os mesmos critérios – saúde, educação e renda.