O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil de Minas Gerais confirmaram, nesta quarta-feira, que a quadrilha presa por venda de gabaritos fraudou o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) neste ano em Minas e outros três estados. Pelo menos 20 pessoas foram beneficiadas, três delas já identificadas. Em entrevista coletiva, os órgãos detalharam a operação que prendeu 33 pessoas. O líder do bando, Áureo Ferreira, ganharia, segundo as investigações, R$ 3 milhões de outubro a janeiro deste ano com os golpes.
Conforme as investigações, a quadrilha usava alta tecnologia para passar as respostas para os candidatos que pagavam pelo serviço. O material era comprado e transportado por empresas que são alvos das apurações. Eles usavam duas técnicas para fazer a transmissão dos dados. No Enem, por exemplo, o líder chegou a se inscrever no exame, mas, antes mesmo dele começar a prova, a quadrilha conseguiu as provas através de pessoas em Mato Grosso, que já estão identificadas.
O líder do grupo chegou a se inscrever no exame, para que, no caso de haver problema com a entrega das provas à quadrilha, ele conseguiria sair das salas de aula com os cadernos.
A polícia conseguiu apurar que o Enem foi transmitido pela quadrilha em cidades de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Espírito Santo. Cada candidato pagou, aproximadamente, R$ 200 aos criminosos.
Escolas particulares
O grupo não fazia vestibulares federais por causa do número de provas. A preferência pelos exames de instituições particulares era devido ao número de provas, já que não há segunda etapa e nem perguntas abertas. O preço cobrado pelos criminosos variava entre R$ 50 e R$ 60 mil. Nesses casos, eles utilizavam frequência de rádio para passar as respostas.
Os integrantes da quadrilha se inscreviam nos vestibulares e deixavam as salas de aulas com os cadernos. Em seguida, passavam para os pilotos, que resolviam as questões e depois repassava aos candidatos. “Os pilotos recebiam de R$ 10 a R$ 15 mil por prova, sem contar as viagens, pois tinham que seguir para a cidade onde aconteciam os exames. Às vezes, eles não recebiam nada do bando, pois conseguiam os próprios clientes e cobrava o valor estipulado por eles próprios”, explica o delegado Antônio Junio Dutra Prado, do Grupo de Combate em Organização Criminosa.
Segundo o delegado, o grupo atuava em todo país, mais ativamente nos Sul do Brasil, Minas Gerais, e São Paulo. “Os candidatos tinham que contratar um bloco com quatro provas, pois o pagamento só era feito no momento da aprovação. Mas, tinha candidato tão incapacitado intelectualmente que zera a redação”, afirma o promotor André Luis Garcia de Pinho, que atua no combate ao Crime Organizado.
Prisões
A polícia tenta reverter as prisões dos integrantes da quadrilha que continuam presos de temporária para preventiva. No fim de semana, 33 pessoas foram detidas. Dessas, 22 foram ouvidas e liberadas, sendo 13 mediante ao pagamento de fiança, e outras 11 pessoas permanecem atrás das grades.
Entre as pessoas que foram detidas e foram liberadas com o pagamento de fiança está o pai do líder do bando. Segundo a polícia, o homem está sendo procurado, novamente, pois fez o pagamento de R$ 7 mil com notas falsas.
As investigações vão continuar para tentar encontrar outros candidatos que usaram os serviços da quadrilha, estudantes que conseguiram ingressar na faculdade irregularmente, e também médicos já formados.