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Estado de Minas

Torcedor do Atlético que morreu ao tentar surfar em ônibus será sepultado hoje

Tentando subir no teto do ônibus, estudante de 25 anos colocou o corpo para fora da janela de um coletivo e teve a cabeça atingida por árvore


postado em 28/11/2014 07:29 / atualizado em 28/11/2014 10:41

O surf rodoviário, brincadeira perigosa e muito observada nas ruas de Belo Horizonte em dias de jogos, custou a vida do estudante Diogo Frederico Santos da Silva, de 25 anos. Na madrugada de ontem, ele voltava do Mineirão, depois do jogo entre Cruzeiro e Atlético, na final da Copa do Brasil, e teve a cabeça atingida por uma árvore ao colocar o corpo para fora da janela do coletivo. Segundo testemunhas, ele tentava subir para o teto. O corpo será sepultado hoje no Cemitério Belo Vale, em Santa Luzia, região metropolitana.

A orientação da BHTrans é que os motoristas parem o veículo imediatamente, para que a pessoa retorne para o seu lugar, ou que chame a Polícia Militar para retirada do passageiro. O motorista Gilberto Marques Neves, de 43, disse ter parado o ônibus ao perceber que torcedores atleticanos haviam subido no teto e que não percebeu o acidente quando seguia a viagem, por volta das 2h.

Gilberto conta que dirigia pela faixa da direita da Avenida Pedro II, sentido Centro. O ônibus estava lotado de torcedores atleticanos, que festejavam a vitória do time pela Copa do Brasil. “Eu dou a maior moral a vocês e agora vocês estão quebrando o ônibus”, teria reclamado o motorista, segundo ele próprio. O alçapão do teto foi devolvido ao seu lugar e Gilberto seguiu a viagem. Próximo à Rua Mariana, no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste, o condutor disse ter ouvido alguém gritar para ele parar, pois alguém havia caído. Os amigos do estudante desceram e o levaram para dentro do coletivo.

Gilberto conta que seguia para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), para socorrer a vítima, e ainda na Pedro II outros passageiros, bastante exaltados, começaram a arrancar as janelas de emergência. Um grupo pulou a roleta para obrigar o motorista a acelerar o veículo. Se sentindo ameaçado, Gilberto conta que parou em frente à 6ª Companhia da PM.

O comentário, segundo o motorista, foi que o estudante tinha a intenção de subir no teto, saindo pela janela, quando foi atingido na cabeça pela árvore. “Não percebi nada. Eu olhava pelo retrovisor interno para que os passageiros não subissem no teto”, disse Gilberto à PM. Ele foi submetido ao teste do bafômetro, que não constatou embriaguez, e foi liberado depois de prestar depoimento no Departamento de Trânsito (Detran), na capital. O corpo do estudante foi levado para o Instituto Médico Legal (INL) e liberado ontem à tarde para sepultamento.

Notícia

A família do estudante ficou sabendo da morte às 5h, segundo o tio, o pintor José Roberto Rômulo, de 53. “Era um menino estudioso e morava com o pai e a avó no Bairro Pompéia. O irmão mais novo, que mora com a mãe em Santa Luzia, também estava no ônibus”, disse o tio. De acordo com ele, Diogo cuidava da avó de 88 anos, pagava as contas e fazia as compras para ela. Quando saiu de casa para ir ao jogo, por volta das 19h, Diogo estava muito feliz, ainda segundo José Roberto.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não prevê punição para surf rodoviário, segundo a BHTrans, mas considera transporte irregular a “brincadeira” que põe a vida em risco. Ainda de acordo com a empresa de transportes e trânsito, a prática é recorrente por não haver nenhuma penalidade para quem o pratica. Para a Polícia Civil, o motorista pode ser punido administrativamente em alguns casos.


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