Jornal Estado de Minas

Campanha de prevenção e tratamento do câncer de pele terá 10 postos para consultas

BH. terá duas unidades Objetivo é viabilizar atendimento para evitar que diagnósticos cresçam em Minas Gerais

Guilherme Paranaiba
"Minha família tem pele muito clara e é propensa a problemas. Trabalho exposto ao Sol e ainda não criei o hábito do protetor solar diariamente. Uma falha que preciso corrigir" , Rodrigo Campello, de 67anos, engenheiro civil - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS
Quase 24 mil casos de câncer de pele são previstos para Minas Gerais até o fim do ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Com o objetivo de aumentar os diagnósticos precoces e orientar a população sobre a doença, 10 locais no estado, sendo dois em Belo Horizonte, recebem hoje, das 9h às 15h, interessados em consultas para diagnóstico da doença e encaminhamento à rede de saúde pública para tratamento. São esperadas 3,5 mil pessoas e a iniciativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia faz parte das ações do Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele. Em 2013, cerca de 3 mil pessoas passaram pelos locais montados para a campanha, sendo que 324 foram diagnosticados com a doença, o que equivale a 10,61%.

No interior de Minas, os atendimentos estão divididos nas cidades de Alfenas, Barbacena, Juiz de Fora, Muriaé, Pedro Leopoldo, Uberaba, Uberlândia e Viçosa . Na capital, os dois postos montados estão na região hospitalar, em unidades da Santa Casa de Misericórdia e do Hospital das Clínicas da UFMG. Os pacientes passarão por exames e, nos casos confirmados de câncer de pele, haverá encaminhamento para diagnóstico complementar e tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A médica dermatologista que coordena a campanha deste ano em Minas, Dulcilea Ferraz Rodrigues, explica que cerca de 60% das pessoas que participaram em 2013 afirmaram que ainda não usavam filtro no contato com os raios solares. “É importante lembrar que quanto mais rápido for o diagnóstico, mais fácil é o tratamento”, diz a médica. Ela lembra que quem for aos postos da campanha vai receber orientações sobre as formas de se proteger do Sol, que não contemplam apenas o uso de filtro.
“Proteção também é usar óculos, chapéu e boné. O ideal é evitar o Sol das 10h às 15h. A população precisa saber que os danos são cumulativos e, por isso, os cuidados devem ser tomados desde a infância.”

Os principais fatores de risco são pele, cabelos e olhos claros, além de sardas, principalmente no rosto e nos ombros, pintas espalhadas pelo corpo, histórico familiar e queimaduras solares. Basicamente, a doença se divide em dois grupos. A maioria dos casos é de não melanoma, tipo mais frequente, menos agressivo e de crescimento mais demorado. O melanoma é a outra possibilidade, que aparece com frequência menor, porém é mais grave e há possibilidade maior de se espalhar para outras partes do corpo.

MELANOMA
O engenheiro civil Rodrigo Campello, de 67 anos, tem problemas de pele frequentes e já foi acometido pelo tipo não melanoma. Há oito anos ele fez a primeira biópsia de caroço extraído do rosto e ficou constatado o câncer, mas a retirada do tecido resolveu o problema. Há cinco meses ele fez nova biópsia e não foi diagnosticado nenhum tipo de câncer.

Rodrigo reconhece que precisa melhorar em alguns cuidados. “Minha família tem pele muito clara e é propensa a problemas. Trabalho sempre exposto ao Sol e ainda não criei o hábito do protetor solar diariamente. Uma falha que preciso corrigir.” Depois de constatado o câncer, ele conta que vai ao médico dermatologista pelo menos duas vezes por ano. “Mesmo sabendo que a doença foi retirada, é uma notícia que te faz aumentar os cuidados. A ida ao médico tem que ser constante”, completa.

Quadro da doença melhora no Brasil


O número de pessoas com câncer no Brasil caiu na última década, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Entre 2003 e 2012, a redução foi de 0,53% entre os homens e de 0,37% entre as mulheres. O cálculo foi feito com base nas taxas de mortes por 100 mil pessoas a cada ano. Segundo o Inca, as regiões que mais conseguiram conter os diferentes tipos de câncer foram o Sudeste, o Sul e o Centro-Oeste. Por outro lado, a taxa de mortalidade no Norte e Nordeste aumentou.

Os tipos de câncer que mais levam à morte no Brasil continuam sendo os de traqueia, brônquio e pulmão; estômago, cólon e reto (conhecido por câncer de intestino), próstata, mama, além de câncer de colo de útero. Estômago foi o que apresentou a maior diminuição na variação percentual anual de 2003 a 2012 no Brasil: queda de 2,95% entre os homens e de 2,49% entre as mulheres.

Essa redução se deve à melhoria nas condições de saneamento básico e conservação de alimentos no país. Os avanços na cobertura de saneamento reduziram a prevalência de infecção pela bactéria Helicobacter pylori (H pylori), maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer de estômago. O aumento do uso de refrigeradores permitiu uma melhor conservação alimentar e a disponibilidade e consumo de produtos frescos, como frutas e hortaliças (legumes e verduras), e reduziu a necessidade do uso de sal, particularmente de alimentos conservados.

NEGATIVA O câncer da mama apresentou variação percentual anual na década próxima da estabilidade (-0,01%), enquanto a variação foi negativa para o câncer de próstata (-0,39%) e colo do útero (-1,62%). Nos três casos, as reduções poderiam ter sido mais significativas caso não houvesse a discrepância nas estatísticas das regiões Norte e Nordeste. Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste verificou-se, por exemplo, uma diminuição de mais de 3% ao ano nas taxas de mortalidade por câncer de colo do útero.

Entre os tipos de câncer de maior mortalidade, o de intestino foi o único que apresentou aumento na variação percentual anual de 2003 a 2012 para os dois sexos: %2b1,64 entre os homens e %2b0,37% entre as mulheres. O principal motivo para elevação das taxas, segundo os técnicos do INCA, é o aumento da obesidade na população brasileira.

Câncer de pulmão apresentou uma diminuição na variação percentual anual entre os homens de 1,65% e aumento entre as mulheres de 1,47%.
A mortalidade entre os homens continua maior do que entre as mulheres, mas as curvas estão se aproximando. A mortalidade por câncer de pulmão reflete um padrão de tabagismo de duas a três décadas atrás, por causa da latência característica da doença.

A campanha em Minas

Locais que vão receber pacientes para diagnóstico do câncer de pele em MG hoje das 9h às 15h:

Alfenas

Ambulatório Municipal
Dr. Plínio Do Prado Coutinho
Praça Dr. Fausto Monteiro, 347, Centro
Informações: (35) 3698-1751.

Barbacena

Faculdade de Medicina de Barbacena
Praça dos Andradas, sem número, Centro
Informações: (32) 9975-5680

Belo Horizonte

Clínica Dermatológica da Santa Casa de Belo Horizonte
Rua Domingos Vieira, 416, Bairro Santa Efigênia
Informações: (31) 3286-8079

Serviço de dermatologia do Hospital das Clínicas da UFMG
Alameda Álvaro Celso, 55, Bairro Santa Efigênia
Informações: (31) 3409-9560

Juiz de Fora

Centro de Atendimento de Saúde do Hospital Universitário da UFJF – Unidade Dom Bosco
Avenida Eugênio do Nascimento, sem número, Bairro Dom Bosco
Informações: (32) 4009-5342

Muriaé


Hospital do Câncer de Muriaé
Praça João Pinheiro, s/n, Centro
Informações: (32) 3729-7015

Pedro Leopoldo

Centro de Especialidades Médicas Dr. Ibrahim Hissa
Rua Vinte Sete de Setembro, 20, Centro
Informações: (31) 3662-7337 ou 3712-1759

Uberaba

Serviço de Dermatologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Avenida Getúlio Guaritá, 330, Bairro Abadia
Informações: (34) 3318-5000

Uberlândia


Serviço de Dermatologia do HC da Universidade Federal de Uberlândia
Avenida Pará, 1720, Bairro Umuarama
Informações: (34) 3218-2246

Viçosa

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Viçosa
Rua José dos Santos, 120, segundo andar, Centro
Informações: (31) 3891-4488

Sinais do câncer de pele


1 - Lesões na pele de aparência elevada e brilhante, translúcidas, avermelhadas, castanhas, róseas ou com mais de uma cor

2 - Pinta preta ou castanha que muda a cor. Fica irregular nas bordas e cresce de tamanho

3 - Mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer, apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento..