A Polícia Civil apura se funcionários de transportadoras da capital mineira e da Região Metropolitana de Belo Horizonte passavam informações privilegiadas a uma quadrilha de assaltantes. Nos últimos cinco meses, dezenas de roubos foram realizados contras veículos das empresas, sendo que uma delas fazia entregas internacionais. Produtos eletrônicos e passaportes, cujo destino era o consulado italiano, foram levados. Três suspeitos dos crimes foram presos nesta quinta-feira em uma operação da 2ª Delegacia de Venda Nova. Durante a apresentação, os criminosos negaram os crimes, mas foram reconhecidos por vítimas de três ocorrências.
As investigações começaram em junho deste ano depois do aumento de casos de assaltos a cargas de transportadoras na Grande BH. O alvo preferido dos criminosos era uma empresa que fazia entregas internacionais. “Conseguimos identificar que o modo de agir da quadrilha era igual em todos os casos. Por isso, constatamos se tratar de uma organização criminosa”, explica o delegado Matheus Cobucci, responsável pela operação.
Para cometer os crimes, os criminosos esperavam o veículo com as cargas deixar a sede das empresas. No caso da transportadora internacional, onde a sede é no Bairro Nacional, em Contagem, eles seguiam o carro até chegar na região da Pampulha. “Normalmente, abordavam as vítimas quando estava em um bairro residencial, pois é bem ermo, e ficava a aproximadamente a quatro quilômetros da Lagoa da Pampulha”, afirma o delegado.
Com violência, os integrantes da quadrilha desciam do carro, um Voyage, e abordavam o motorista. Em seguida, conforme as investigações, levavam o veículo da empresa até um outro local e faziam o transbordo da carga. A vítima ficava sob o poder dos assaltantes durante os trabalhos e depois era abandonado em um local distante.
Em um dos roubos, os criminosos interceptaram a carga de passaportes e de uma impressora que fabrica os documentos, que seria entregue ao consulado italiano. A polícia não descarta que o alvo era o material. “Não acreditamos, mas também não descartamos. Eles devem ter encontrado (a carga) e possuem contatos de pessoas interessadas nos documentos”, diz o delegado. Até esta quinta-feira, nenhum indício de falsificação ou uso dos passaportes foi constatado. Nenhuma carga levada pelo grupo foi encontrada.
Prisão de suspeitos
A principal pista que levou a polícia até os assaltantes foi o carro usado no assalto. “As vítimas relataram que sempre era usado um Voyage nos crimes. Conseguimos identificar as placas e chegar até os criminosos”, conta Cobucci. Nesta quinta-feira, com posse de mandado de prisão preventiva, os investigadores conseguiram prender três pessoas. Os irmãos Samuel e Elias Novato, de 26 e 24 anos, respectivamente, e Marco Antônio, de 30. Os dois primeiros foram encontrados no Bairro Vale das Amendoeiras, em Contagem, e o terceiro na residência do pai no Bairro Castelo.
O carro pertence a Marco Antônio, mas segundo a polícia, todos dirigiam o veículo durante a ação. O Voyage ainda não foi encontrado. “Não foi apreendido, pois Marco Antônio quando soube que estava sendo investigado, deu sumiço no carro. Esperamos encontrá-lo”, comenta o delegado. Em depoimento os presos negaram o crime. “Eles negam, mas as vítimas dos três assaltos já identificado por nós reconheceram eles e o carro”, completa.
A polícia acredita que o trio pode ter participado de outros assaltos semelhantes na Grande BH. As investigações vão continuar para tentar encontrar os receptores das cargas levadas e também se algum funcionário das empresas passava informações privilegiadas ao grupo. O trio foi levado para o Centro de Remanejamento Prisional (Ceresp) Gameleira.