Um cabo do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte confessou ter assumido a autoria de um homicídio, que ele não cometeu, somente para agilizar a chegada da Polícia Militar ao local do crime, diante da demora no atendimento, segundo ele. O militar também teria telefonado para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pedindo socorro para um morador do seu bairro que havia sido baleado, mas reclamou que também não foi atendido. A vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
A PM não informou quanto tempo demorou para chegar o local. Disse ter encontrado um tumulto em volta da vítima, que já estava morta, e que isolou a área e chamou a perícia. No boletim de ocorrência consta que um homem telefonou para o 190 dizendo que era policial do Corpo de Bombeiros e que havia baleado uma pessoa para se defender. A PM alega que não encontrou o solicitante no local, mas que ele foi encontrado depois e confessou ter mentido. Conforme a PM, o suspeito do homicídio não foi identificado e a motivação do crime ainda é mistério.
POLÊMICA A sala de imprensa da PM se recusou a passar maiores detalhes sobre a ocorrência, alegando envolvimento de um militar dos bombeiros e que somente a corporação dele poderia se manifestar. Por outro lado, a assessoria do Corpo de Bombeiros disse desconhecer o fato e informou que qualquer decisão será tomada com base na apuração da Polícia Civil. Já a assessoria da Polícia Civil disse que a ocorrência foi registrada pela equipe de plantão na Central de Flagrantes (Ceflan), no Bairro Floresta, e que os policiais que assumiram o plantão pela manhã não tiveram acesso às ocorrências da madrugada.
A demora no atendimento por parte das polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros está entre as principais reclamações encaminhadas pela população à Ouvidoria Geral do Estado. No terceiro trimestre de 2014, a manifestação mais recebida pela Ouvidoria de Polícia foi de reclamações gerais contra a atuação dos órgãos de segurança (47,69%), quando os elogios foram apenas 2,31%. O atendimento dos bombeiros foi criticado por 193 pessoas nos três meses do balanço e recebeu um único elogio. Houve 28 reclamações da má qualidade do atendimento da Polícia Civil e não constam os dados da PM na pesquisa. O chefe da sala de imprensa da PM, major Sérgio Dourado, não se pronunciou sobre o assunto.
Faltam ambulâncias
Em outubro, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de BeloHorizonte (Sindibel) denunciou que a falta de ambulâncias no Samu comprometia o atendimento à população. Na época, segundo o sindicato, o Samu estava sem oito das suas 25 ambulâncias e 13 chamadas deixaram de ser atendidas por falta de veículos no plantão do dia 1º daquele mês. Problemas
mecânico se falta de motoristas são comuns, denunciaram servidores ao Sindibel.
A assessoria de imprensado Samu informou não ter recebido nenhuma chamada da rua onde houve o crime. Disse que o Samu tem atualmente 27 ambulâncias, sendo 21 Unidades de Suporte Básico (USB) e seis Unidades de Suporte Avançado (USA). O Samu da capital recebe cerca de 60 mil chamadas por mês, uma média de 2 mil por dia. “A frota do Samu de BH passou por duas renovações, em 2011 e em 2013”, informou a assessoria. O fornecimento de ambulância para o Samu é de responsabilidade do Ministério da Saúde.