Jornal Estado de Minas

Justiça acata denúncia contra juiz acusado pelo MPF de favorecer traficantes em Minas

Magistrado é suspeito de decretar sentenças de relaxamento de prisão para traficantes

João Henrique do Vale
O juiz afastado da Vara de Execuções Criminais de Juiz de Fora, Amaury de Lima e Souza, virou réu do processo que investiga uma quadrilha de tráfico internacional de drogas que atuava em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Nesta quarta-feira, os desembargadores da sessão especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) acataram denúncia contra o magistrado, que é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de favorecer integrantes da organização criminoso que tinha ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Foi negado o relaxamento de prisão, com isso, o acusado vai seguir preso.

As investigações contra o juiz começaram depois que a quadrilha foi desmantelada durante uma operação da Polícia Federal (PF) em junho deste ano. Ao todo, foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva, 38 de busca e apreensão, e nove conduções coercitivas. As investigações se transformaram em um inquérito de 389 páginas. Nos documentos consta que o grupo era formado por núcleos que giravam em torno de Juiz de Fora, onde foi instalada a base da organização. O chefe da quadrilha era Peterson Pereira Monteiro, vulgo Zói, que fornecia a droga para a região e favelas do Rio de Janeiro.


A quadrilha adquiria as drogas, cocaína e maconha, do Paraguai, Bolívia e Peru. Conforme as investigações, o grupo faturava cerca de R$ 20 milhões por mês. O esquema distribuía duas toneladas de cocaína a R$ 10 mil cada quilo a cada 30 dias.

Na ação, o juiz foi preso depois que a PF encontrou várias sentenças assinadas pelo magistrado em favor de traficantes. Souza foi preso em 12 de junho por porte ilegal de arma e munição de uso restrito. Na tarde desta quarta-feira, os desembargadores da sessão especial do TJMG votaram pela denúncia contra o magistrado. Ao todo, foram 16 votos a favor e apenas dois contra. .