No dia do aniversário de Belo Horizonte, um dos seus cartões-postais mais importantes foi foco de iniciativa para transformá-lo em patrimônio cultural da humanidade. Na manhã de ontem, em solenidade no Museu de Arte da Pampulha (MAP), a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, recebeu do prefeito Marcio Lacerda o dossiê sobre o conjunto modernista da Pampulha, no qual se destacam os prédios projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907- 2012) na década de 1940. Segundo Jurema, o documento com mais de 500 páginas será entregue em 4 de fevereiro pelo governo brasileiro, via Ministério das Relações Exteriores, aos dirigentes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, França. “Esse patrimônio já é da humanidade, falta só o reconhecimento”, garantiu a dirigente.
Lacerda lembrou que o maior desafio da Pampulha está na despoluição do lago. “Já concluímos o desassoreamento, retirando 800 mil metros cúbicos de detritos e lama. Estamos fazendo o ‘para casa’ de forma correta, falta acabar com o lançamento dos esgotos clandestinos”, disse o prefeito, adiantando um projeto, no sistema de parceria público-privada (PPP), para tratamento de todos os córregos, provenientes também do município de Contagem, que deságuam no reservatório. Segundo o chefe do executivo, o custo anual com a conservação da Pampulha será de R$ 10 milhões.
Elaborado nos últimos dois anos por especialistas, o dossiê contém toda a história da Pampulha e a defesa do seu reconhecimento como patrimônio da humanidade.
Jurema afirmou que o governo federal, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, assegurou R$ 12 milhões para recuperação da Igreja de São Francisco de Assis, uma das joias modernistas, e o MAP, que foi cassino, e deverá receber um sistema de ar-condicionado. Ela disse ainda que muitos municípios mineiros ainda não foram contemplados com verbas devido à falta de projetos. “Acho que 2016 será o ano de grande obras do PAC para recuperação do patrimônio. Já começamos em Ouro Preto, com a recuperação da Matriz de Nossa Senhora da Conceição”, afirmou.
MONUMENTOS No mundo, há cerca de mil monumentos reconhecidos pela Unesco, sendo 19 no Brasil – 12 na categoria “patrimônio cultural” e sete na de “patrimônio natural”. Minas é o estado da federação com maior número de bens: centros históricos de Ouro Preto, na Região Central; e de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha; e o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, também na Região Central. A favor da Pampulha, está o seu conjunto modernista, pois há poucos no mundo com reconhecimento, ressaltou a coordenadora-adjunta de Cultura da Unesco, Isabel de Paula. Ela citou o Plano Piloto de Brasília, Universidade de Caracas, na Venezuela, e a Escola Bauhaus, na Alemanha..