A Justiça determinou a retirada de cerca de 40 famílias de uma ocupação irregular na barragem do Córrego do Cardoso, no Novo São Lucas, Centro-Sul de Belo Horizonte. A prefeitura alerta para o risco de rompimento da bacia, que foi construída para conter as enchentes na Avenida Mem de Sá, no Santa Efigênia, na mesma região. Além da possibilidade de desmoronamento dos barracos, a retirada de terra da encosta e o despejo de resíduos na barragem podem comprometer o escoamento da água da chuva e causar alagamentos ao longo do leito do córrego, mesmo nos trechos canalizados.
O vendedor ambulante Romerito Richel de Oliveira, de 27 anos, diz que está no local há um ano. “Somos pelo menos 40 famílias, com 70 crianças, 20 idosos, dos quais dois com dificuldade de locomoção. Ainda não fomos informados oficialmente sobre a desocupação. Queremos negociar com as autoridades, pois não temos para onde ir. Estamos preocupados em sair para trabalhar, deixar nossas mulheres e crianças e, na volta, encontrar tudo no chão, como já ocorreu em outras reintegrações”, disse Oliveira, que mora num dos barracos com a mulher grávida e dois filhos.
A Companhia Urbanizadora e de Habitação (Urbel) e a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) apontam que a retirada dos invasores é a única a solução para minimizar os riscos de desmoronamentos dos barracos e o fechamento do canal de escoamento da barragem, que poderia gerar inundações. A Urbel informou que os moradores invadiram o terreno no Parque Ecológico do Cardoso no começo do ano, em um número pequeno de famílias.
“Em 30 de janeiro, eram quatro edificações. Hoje, são pelo menos 40. Imediatamente, entramos na Justiça para pedir a reintegração de posse, pois é uma área de risco. Por isso, os antigos moradores foram retirados e levados para o Programa Vila Viva. É uma área de inundação e escorregamento de solo”, explica a diretora de obras da Urbel, Patrícia de Castro Batista.
A dirigente afirma que as famílias foram alertadas pela prefeitura sobre o risco de morar próximo à barragem, mas continuam no local. E são constantes as escavações do terreno em partes da contenção, para construção de barracos, o que aumenta a probabilidade de o solo ceder. “É uma área muito íngreme e, por isso, estão escavando para fazer as construções em um local plano”, diz Patrícia.
Esgoto
A prefeitura informou que os moradores estão lançando esgoto e resíduos no córrego, o que aumenta o risco de inundações nas avenidas Mem de Sá e Andradas. Se ocorrer assoreamento do canal, segundo a administração municipal, pode haver refluxo e causar alagamentos em caso de temporal.
“É uma obra de prevenção de cheias da Mem de Sá. Tem uma barragem junto à rua e as pessoas estão construindo em cima da bacia. Isso gera um problema sério e, em caso de chuva muito forte, a barragem pode romper. Essas pessoas correm risco de ser vítimas de inundações”, diz o coronel Alexandre Lucas Alves, coordenador da Defesa Civil. “Eles foram notificados para que não permaneçam no local. Tem ainda uma ação judicial para a retirada deles. A prefeitura está aguardando o cumprimento da reintegração de posse.”
Chuva no Natal
Os mineiros devem ter chuva nos próximos dias e durante o feriado do Natal, segundo previsão do meteorologista Ruibran dos Reis, do ClimaTempo. De acordo com Reis, as regiões Central, Sul, Centro-Oeste, Triângulo, Zona da Mata e Campo das Vertentes terão precipitações de intensidade moderada, principalmente a partir do fim de semana, com máximas de até 30°C. Nos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Norte e Noroeste de Minas, onde tem chovido forte, vão prevalecer altas temperaturas e há previsão de fracas precipitações nas comemorações natalinas. Para o fim de ano não há perspectiva de chuvas fortes em todo o estado.