As opiniões se dividem entre entidades ligadas aos direitos humanos e às comunidades negras e visitantes da Fundação Zoobotânica. Para alguns, a preocupação do Insod procede. Para outros, como o prefeito Marcio Lacerda, “estão fazendo tempestade em copo d’água”. Segundo Lacerda, o Ministério Público não deveria se ocupar da questão porque “é um assunto de pouca importância, e há tantos temas mais importantes na sociedade”.
Para o prefeito, os nomes escolhidos são nomes carinhosos e com significado bonito.
A Fundação Zoobotânica se inspirou na cultura africana para lembrar o continente de origem da espécie. Ayo significa “felicidade”; Bakari, “o que terá sucesso”; e Jahari, “jovem forte e poderoso”. A votação foi encerrada segunda-feira e o nome escolhido é mantido em sigilo, até que a Procuradoria-Geral do Município apresente o seu parecer.
Para a coordenadora municipal para Assuntos da Comunidade Negra, Rosângela da Silva, em momento algum a prefeitura fez a campanha pensando em fomentar o racismo. “Quando se trata de um gorila, está se tratando de uma área física da origem desse gorila e não humana. Não estamos tratando de um ser humano, estamos tratando de um animal”, disse Rosângela.
Por sua vez, a professora de história da África e diretora do Centro de Estudos Africanos da UFMG, Vanicléia Silva Santos, apoia a decisão do MPE. “Acho que as promotoras estão cobertas de razão, pois, em geral, no Brasil e em tantos outros lugares que conhecem pouco da África, costumam aplicar as designações africanas para coisas inferiorizantes”.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, deputado Durval Ângelo (PT), considera correta a preocupação da Promotoria dos Direitos Humanos e acha que a decisão deve ser respeitada. “Mas acho que é um zelo muito grande. A gente deveria ver essa recomendação do Ministério Público mais como um alerta. Não necessariamente por ser nome de gorila tem que ser nome africano. Deveria ter uma consulta mais aberta”, defendeu o deputado.
Eleição suspensa
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) divulgou nota informando que a votação foi encerrada segunda-feira para escolha do nome, mas que vai atender a recomendação do MP no sentido de suspender a eleição.
Na Fundação Zoobotânica, funcionários e visitantes não consideram as opções de nomes racistas. “A origem do gorila não é africana? Então, nada mais justo um nome africano para homenageá-lo”, reagiu o segurança do recinto dos gorilas, Antônio Vieira, de 49. Para o engenheiro mecânico Ronaldo Alves, de 66, “os nomes não têm nada de racista”. Adenilson dos Santos, de 32, levou os sobrinhos Ciara, de 6, e Rodrigo, de 10, ao zoológico e disse que achou os nomes bonitos. “Os daria aos meus filhos”.
Repercussão
Leitores comentam no em.com.br
Interessantes os comentários postados em razão desta matéria. Concordo com a maioria; acho que o MP deveria se ocupar em fazer coisas mais importantes. - Guilherme
Pelo visto é melhor escolher nomes ligados a cultura nórdica... Ora, se os gorilas são africanos, nada mais natural que tenham nomes africanos! - Marcos
Se quiserem podem colocar meu nome nele que não ligo não. Na verdade, acho que minha filha irá achar muito engraçado e vamos ficar rindo disso.
Idi Amin foi Presidente da Uganda, negro, e ninguém viu problema em batizar um gorila assim - Romulo
É bobagem da ONG e interferência indevida do Ministério Público. - Wilson
O gorila é um animal africano. Negar a escolha de nomes africanos a eles é como um holandês não poder chamar Van Halls, o americano não poder chamar John, o grego não poder chamar Popoullos e o brasileiro não poder chamar Silva. - Vinicius.