José e Maria vivem juntos, como dizem, há algum tempo, numa casa alugada na Rua Marzagânia, Bairro Granja de Freitas, na Região Leste de Belo Horizonte. “São dois quartos, uma cozinha, um banheiro e uma sala. Pago R$ 200 por mês. É um dinheiro que faz falta, mas vamos levando”, conta José Antônio da Silva, de 53 anos, dono de um pequeno ferro-velho na mesma via, onde consegue, em média, R$ 724. O aluguel, portanto, consome 27,6% do rendimento dele.
O valor será reajustado nos próximos meses e o temor de José é que o custo com a moradia aperte ainda mais o orçamento. Ele não é o único a lamentar o gasto com moradia. A Síntese dos Indicadores Sociais, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 25,7% das famílias brasileiras que viviam em moradias alugadas comprometiam, em 2013, mais de 30% da renda familiar com esse tipo de gasto. Especialistas classificam o percentual como “ônus excessivo”. Em 2004, esse percentual foi de 24,6%.
Em Minas, o índice saltou de 22,6% para 24,4%. Para reforçar a renda na casa de José, Maria Natividade Monteiro, de 61, também vai à luta. Ela faz salgados e lava roupa para outras famílias. O problema é que o rendimento nunca é garantido, pois depende da demanda. O fundo da casa alugada dá para um trecho do Rio Arrudas, quase na divisa com Sabará, onde José nasceu.
Maria é natural de Alto de Santa Helena, um povoado de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Ela morou no lugarejo por muito tempo e se recorda da casa que não tinha banheiro: “A gente precisava ir no mato. A vida não é mais assim. Ainda bem”. O desabafo dela é notado nos quatro cantos do Brasil: embora a economia nacional não esteja num céu de brigadeiro, houve melhorias socioeconômicas.
Menos desigualdade
O mesmo estudo do IBGE destaca que a desigualdade entre ricos e pobres diminuiu. Em 2004, os 10% mais ricos concentravam 45,8% dos rendimentos no país. Em 2013, 41,7%. Já os rendimento dos 10% mais pobres, na mesma base de comparação, passou de 1% para 1,2%. Um dos motivos dessa redução, mesmo pequena, é a variedade de programas de transferência de renda mantida pelo poder público.
A melhora na renda de José e Maria ocorre em razão dos bicos que a mulher faz como salgadeira e lavadeira. O acréscimo na renda permitiu ao casal comprar uma geladeira neste ano. “Era um sonho antigo”, conta Maria, que forra as bandejas do eletrodoméstico com panos de renda. Ela lavou muita roupa e preparou milhares de salgados para juntar dinheiro e adquirir o bem: “Não tenho cartão de crédito ou de débito. Economizei para comprar à vista”, recorda.
E mais...
Formalização
Em 2013, o mercado de trabalho teve a mais elevada taxa de formalização (58%). Há nove anos, a taxa não chegava à metade da população ocupada (45,7%). Norte e Nordeste registraram, em 2013, percentuais de formalização abaixo da média nacional na década passada (40,2% e 39,7%, respectivamente). Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste apresentaram os maiores percentuais de pessoas em trabalhos formais (67,4% e 67,8%, respectivamente).
Sem carteira
Em 2004, o número de trabalhadores formais era de 37,4 milhões. Em nove anos, esse número aumentou 47,8%. Já a população ocupada em trabalhos informais teve redução de 10,1%, passando de 44,5 milhões para 40 milhões (42,0%) Entre as pessoas em trabalhos informais, 62% tinham até oito anos de estudo, mais de 70% eram empregado sem carteira ou por conta própria e 27% estavam na agricultura.
Renda por sexo
As mulheres recebiam, em média, menos que os homens em todas as formas de trabalho. No entanto, a relação de desigualdade de rendimentos por sexo é maior nos trabalhos informais, pelos quais elas recebiam 65% do rendimento médio dos homens em 2013. No mercado formal, essa relação era de 75%. A desigualdade era ainda maior em 2004 e a redução foi possível pelo maior crescimento do rendimento delas em trabalhos informais (56,8%).
Residências avançam
Enquanto a população brasileira cresceu 9,8% entre 2004 e 2013, o número total de domicílios particulares no Brasil avançou 25,1% no mesmo período. Em 2013, em 16,4% dos domicílios urbanos o rendimento era de até meio salário mínimo por pessoa. Na classe de rendimento acima de dois salários mínimos, esse percentual alcançou 21,7%.
O valor será reajustado nos próximos meses e o temor de José é que o custo com a moradia aperte ainda mais o orçamento. Ele não é o único a lamentar o gasto com moradia. A Síntese dos Indicadores Sociais, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 25,7% das famílias brasileiras que viviam em moradias alugadas comprometiam, em 2013, mais de 30% da renda familiar com esse tipo de gasto. Especialistas classificam o percentual como “ônus excessivo”. Em 2004, esse percentual foi de 24,6%.
Em Minas, o índice saltou de 22,6% para 24,4%. Para reforçar a renda na casa de José, Maria Natividade Monteiro, de 61, também vai à luta. Ela faz salgados e lava roupa para outras famílias. O problema é que o rendimento nunca é garantido, pois depende da demanda. O fundo da casa alugada dá para um trecho do Rio Arrudas, quase na divisa com Sabará, onde José nasceu.
Maria é natural de Alto de Santa Helena, um povoado de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Ela morou no lugarejo por muito tempo e se recorda da casa que não tinha banheiro: “A gente precisava ir no mato. A vida não é mais assim. Ainda bem”. O desabafo dela é notado nos quatro cantos do Brasil: embora a economia nacional não esteja num céu de brigadeiro, houve melhorias socioeconômicas.
Menos desigualdade
O mesmo estudo do IBGE destaca que a desigualdade entre ricos e pobres diminuiu. Em 2004, os 10% mais ricos concentravam 45,8% dos rendimentos no país. Em 2013, 41,7%. Já os rendimento dos 10% mais pobres, na mesma base de comparação, passou de 1% para 1,2%. Um dos motivos dessa redução, mesmo pequena, é a variedade de programas de transferência de renda mantida pelo poder público.
A melhora na renda de José e Maria ocorre em razão dos bicos que a mulher faz como salgadeira e lavadeira. O acréscimo na renda permitiu ao casal comprar uma geladeira neste ano. “Era um sonho antigo”, conta Maria, que forra as bandejas do eletrodoméstico com panos de renda. Ela lavou muita roupa e preparou milhares de salgados para juntar dinheiro e adquirir o bem: “Não tenho cartão de crédito ou de débito. Economizei para comprar à vista”, recorda.
E mais...
Formalização
Em 2013, o mercado de trabalho teve a mais elevada taxa de formalização (58%). Há nove anos, a taxa não chegava à metade da população ocupada (45,7%). Norte e Nordeste registraram, em 2013, percentuais de formalização abaixo da média nacional na década passada (40,2% e 39,7%, respectivamente). Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste apresentaram os maiores percentuais de pessoas em trabalhos formais (67,4% e 67,8%, respectivamente).
Sem carteira
Em 2004, o número de trabalhadores formais era de 37,4 milhões. Em nove anos, esse número aumentou 47,8%. Já a população ocupada em trabalhos informais teve redução de 10,1%, passando de 44,5 milhões para 40 milhões (42,0%) Entre as pessoas em trabalhos informais, 62% tinham até oito anos de estudo, mais de 70% eram empregado sem carteira ou por conta própria e 27% estavam na agricultura.
Renda por sexo
As mulheres recebiam, em média, menos que os homens em todas as formas de trabalho. No entanto, a relação de desigualdade de rendimentos por sexo é maior nos trabalhos informais, pelos quais elas recebiam 65% do rendimento médio dos homens em 2013. No mercado formal, essa relação era de 75%. A desigualdade era ainda maior em 2004 e a redução foi possível pelo maior crescimento do rendimento delas em trabalhos informais (56,8%).
Residências avançam
Enquanto a população brasileira cresceu 9,8% entre 2004 e 2013, o número total de domicílios particulares no Brasil avançou 25,1% no mesmo período. Em 2013, em 16,4% dos domicílios urbanos o rendimento era de até meio salário mínimo por pessoa. Na classe de rendimento acima de dois salários mínimos, esse percentual alcançou 21,7%.