Jornal Estado de Minas

Casal doa acervo de 1,2 mil obras sacras à Arquidiocese de Mariana

Conjunto recebeu o nome de Coleção Boulieu e vai compor um museu a ser criado em Ouro Preto

Gustavo Werneck
Parte das peças que serão repassadas em ato, hoje, em Ouro Preto - Foto: ADOP/Divulgação
A uma semana do Natal, Minas Gerais – e em particular Ouro Preto, na Região Central – ganha um presente recheado de arte, história e cultura, embalado com muita generosidade. Em cerimônia hoje, às 20h, na Basílica de Nossa Senhora do Pilar, no Centro da cidade, será assinado o protocolo de doação da Coleção Boulieu, composta por 1,2 mil peças sacras, à Arquidiocese de Mariana. O acervo reunido pelo casal Jacques Joseph Boulieu, empresário francês radicado no Brasil, e Maria Helena de Toledo, paulista criada em Belo Horizonte, se destina à criação de um museu, ainda sem data para ser aberto, no anexo do antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia, ao lado do Paço da Misericórdia – Centro de Artes e Fazeres.

“Somos casados há 55 anos, moramos no Rio de Janeiro e, desde a nossa lua de mel, em Salvador (BA), começamos a reunir este conjunto, que resulta das aventuras extraordinárias que usufruimos juntos”, disse Maria Helena, na tarde de ontem, na casa que o casal mantém em Ouro Preto. Com emoção, ela explicou que a doação à Arquidiocese de Mariana, à qual Ouro Preto está vinculada, representa uma “ação de graças a Deus por uma vida plena e que deve ser compartilhada com a comunidade”.

O acervo inclui imagens barrocas, pinturas e prataria do Brasil e de outras terras colonizadas por portugueses e espanhóis: América Central, países andinos (Peru e Bolívia) e Ásia, incluindo Filipinas, Índia e China. “Sempre gostamos da arte barroca e, assim, fomos adquirindo as peças que achávamos interessantes. Como não temos filhos, embora muitos sobrinhos, vimos que o melhor seria doar a coleção para que os objetos não se dispersassem”, disse Maria Helena, esperançosa de que outras pessoas sigam esse exemplo.


A ideia de dar destinação ao tesouro, que já teve parte na casa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, começou há alguns anos em um encontro do casal com o titular da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar, padre Marcelo Moreira Santiago. “Foi uma conversa informal e fraterna com seu Jacques e dona Maria Helena. Na época, falei com eles sobre o futuro da coleção belíssima que une religiosidade e história”, afirmou o pároco, lembrando que a futura unidade cultural vai se chamar Museu Boulieu – Caminhos da Fé. Coincidentemente, a assinatura do protocolo ocorre no Dia do Museólogo, profissão reconhecida no Brasil há exatos 30 anos.

TURISMO O processo de criação e implantação do Museu Boulieu – Caminhos da Fé está em tramitação no Ministério da Cultura e os projetos arquitetônico, de museologia e museografia, em avaliação no Programa Nacional de Apoio à Cultura. A iniciativa conta com a colaboração da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto (Adop) e apoio institucional da Arquidiocese de Mariana, que tem à frente o arcebispo dom Geraldo Lyrio Rocha; da Prefeitura de Ouro Preto; e do Instituto Cultural Brasileiro do Divino Espírito Santo. Segundo os técnicos da Adop, o museu deverá ser mais uma opção para o roteiro turístico, cultural e religioso mineiro..