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Estado de Minas

Mais de 62% das portas de estações do Move estão estragadas e ficam abertas

BHTrans diz que problema será resolvido com nova tecnologia


postado em 22/12/2014 06:00 / atualizado em 22/12/2014 07:44

Cena bem comum: passageira em pé na plataforma, a poucos centímetros dos ônibus que circulam nos corredores do Move(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Cena bem comum: passageira em pé na plataforma, a poucos centímetros dos ônibus que circulam nos corredores do Move (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

Menos de um ano depois da inauguração do BRT/Move, serviço de transporte rápido por ônibus implantado em Belo Horizonte, a BHTrans já está substituindo o sistema de abertura das portas das estações de embarque e desembarque de passageiros da cidade. Para corrigir o problema generalizado das portas, que não funcionam em sincronia com a chegada dos coletivos, os motoristas serão responsáveis pela abertura, via radiofrequência. A reportagem do Estado de Minas percorreu as 59 cabines das 36 estações de transferência de passageiros em funcionamento no BRT municipal e constatou que das 456 portas de vidro que deveriam abrir apenas com a aproximação dos ônibus, 285 estão ficando sempre abertas, o que equivale a 62,5%. Na prática, esse cenário gera dois problemas: os passageiros correm riscos, já que se posicionam bem próximos das portas, desrespeitando o limite de segurança nos terminais, e muitas pessoas pulam para as estações sem pagar a passagem.

Na Avenida Antônio Carlos, uma cena chama a atenção na Estação São Francisco, bem embaixo do viaduto por onde passa o Anel Rodoviário, no bairro de mesmo nome, Região da Pampulha. O terminal conta com duas cabines e cada uma tem oito portas de vidro. As 16 entradas e saídas estão ficando abertas o tempo, o que permitiu que a cabeleireira Maria Rosa, de 44 anos, levasse o filho para urinar em um dos buracos que deveria estar fechado. Equilibrando-se com praticamente todo o corpo fora do limite de segurança, ela ajudou a criança a se aliviar e desconversou sobre o risco que ambos correram. “Eu sei que essa situação das portas abertas é muito perigosa, pois as pessoas podem cair ou pode passar um ônibus e causar um acidente. Mas eu vi que não vinha nenhum coletivo”, disse.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


PASSAGEIROS EM PERIGO O EM fez o levantamento entre segunda e quarta-feira da semana passada. Enquanto 285 portas (62,5%) estão abertas, 167 (36,6%) funcionam da forma correta, abrindo e fechando de acordo com a chegada e a saída dos coletivos. Outras quatro (0,87%) estavam o tempo todo fechadas e não foi possível passar por elas, como na Estação São Paulo, na Avenida Santos Dumont. Dois cones foram colocados para alertar sobre o problema. Das nove estações da Avenida Cristiano Machado, em quatro delas, todas as 16 portas foram encontradas abertas. “É complicado para os passageiros, porque os bandidos podem entrar facilmente e assaltar aqui dentro”, disse a cozinheira Amália dos Santos Oliveira, de 59, enquanto aguardava um ônibus na Estação São Judas Tadeu. Mas ela também viu vantagens na pane do sistema de portas. “Sem ar-condicionado, é melhor que fique aberta nesse calor, mesmo sendo inseguro”, completou.

Motorista da linha 66 (Estação Vilarinho/Centro/Hospitais), Alex Sandro Lopes, de 38, conta que já viu de tudo quando as portas ficam abertas. “O risco de queda é grande. Já vi pessoas sentadas com as pernas para fora da estação e de tudo quanto é jeito”, afirma o condutor. Uma das funcionárias que trabalha na bilhetagem da Estação São João Batista, na Avenida Pedro I, informa que trabalha no local há três meses e há duas semanas as oito portas do único módulo do terminal estão abertas. “A gente fica preocupada com os deficientes visuais, cuja presença é grande nessa estação. Crianças também correm risco de cair”, reclama a funcionária, que pediu anonimato. Ela acrescenta que basta escurecer para começar o festival de invasões. “As pessoas aproveitam e entram sem pagar a passagem”, completa.

Embarque e desembarque


As estações de transferência estão posicionadas em todos os corredores troncais do sistema, nas avenidas Antônio Carlos, Pedro I, Vilarinho, Cristiano Machado, Paraná e Santos Dumont. Algumas estações têm mais de uma cabine para embarque e desembarque, solução usada pela prefeitura para distribuir as linhas e não congestionar um determinado terminal. Em geral, cada uma das cabines usadas pelo passageiro conta com oito portas de vidro, que funcionam por meio de um sensor de aproximação. Elas devem abrir no momento em que os ônibus encostarem, para garantir a entrada e saída dos passageiros com a devida segurança e conforto. As exceções são as estações do Centro, que têm 12 portas cada, e as da Avenida Vilarinho, com quatro portas em cada cabine.


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