Jornal Estado de Minas

Marceneiro mantém viva tradição e cuida de presépio de mais de 80 anos em Patrocínio

Cenário é montado desde 1932 pela família do aposentado no Alto Paranaíba

Márcia Maria Cruz

Geraldo de Oliveira cuida desde 1978 do cenário montado pela primeira vez por seu pai em 1932. Atração ganhou caráter nacional - Foto: Márcio Oliveira/Divulgação



Um dos mais antigos presépios de Minas Gerais e do Brasil sobrevive ao tempo graças às mãos do marceneiro aposentado Geraldo de Oliveira, de 75 anos, de Patrocínio, no Alto Paranaíba, onde a tradição atravessa gerações na família. Tudo começou quando o pai de Geraldo, Francisco Nunes de Oliveira, o Chico Pacheco, o montou pela primeira vez, em 1932. “Desde criança, eu ajudava meu pai a fazer. Ele morreu em 1978, e no ano seguinte eu assumi”, lembra. Em 2010, o presépio entrou no RankBrasil como um dos mais tradicionais e antigos do país. De fato, não há quem não se encante. Crianças entram em um mundo de fantasia e os adultos voltam à infância.

As peças ocupam uma área de 2,60m por 2,20m e são montadas sobre uma mesa. O cotidiano de um típica cidade de Minas emoldura da cena do nascimento de Jesus.
A igreja imponente, as fazendas com a criação de animais, as casas coloridas do interior, o moinho e monjolo compõem o cenário. Até o Dia de Reis, 6 de janeiro, quando os presépios são desmontados, cerca de 1 mil pessoas devem prestigiar a obra de arte.

As montanhas, que formam as paisagens tão características de Minas, são feitas a partir de sacos de cimento reciclados. “Pintamos e depois colocamos serragem de cor”, diz o artista. Ao longo de oito décadas, foi necessário muito cuidado para manter preservadas as peças originais, em gesso e papelão. “Todo ano a gente monta e desmonta. Guarda as peças uma a uma.” A montagem leva de seis a oito dias, devido ao cuidado com os detalhes e o acabamento.

Com o espírito de criança, Geraldo conta os dias ao longo do ano para dezembro chegar. “Para mim, o Natal é o presépio. Chega esta época do ano, fico doido para tudo ficar pronto”, diz. A obra virou atração na região, onde já recebeu milhares de visitas.

No início, o cenário ficava na casa da mãe de Geraldo, Alcídia de Oliveira. Para facilitar a visitação do público, foi montado em uma sala em frente à oficina onde o marceneiro trabalhou por muitos anos. “Tenho muito carinho, muito apreço. Foi feito com muito amor.

Nosso pai que adquiriu e começou. Convivemos com isso a vida toda”, conta Elvira Oliveira, de 85. Em 82 anos, o presépio foi montado apenas quatro vezes em outros lugares da cidade.

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