Um dos mais antigos presépios de Minas Gerais e do Brasil sobrevive ao tempo graças às mãos do marceneiro aposentado Geraldo de Oliveira, de 75 anos, de Patrocínio, no Alto Paranaíba, onde a tradição atravessa gerações na família. Tudo começou quando o pai de Geraldo, Francisco Nunes de Oliveira, o Chico Pacheco, o montou pela primeira vez, em 1932. “Desde criança, eu ajudava meu pai a fazer. Ele morreu em 1978, e no ano seguinte eu assumi”, lembra. Em 2010, o presépio entrou no RankBrasil como um dos mais tradicionais e antigos do país. De fato, não há quem não se encante. Crianças entram em um mundo de fantasia e os adultos voltam à infância.
As peças ocupam uma área de 2,60m por 2,20m e são montadas sobre uma mesa. O cotidiano de um típica cidade de Minas emoldura da cena do nascimento de Jesus. A igreja imponente, as fazendas com a criação de animais, as casas coloridas do interior, o moinho e monjolo compõem o cenário. Até o Dia de Reis, 6 de janeiro, quando os presépios são desmontados, cerca de 1 mil pessoas devem prestigiar a obra de arte.
As montanhas, que formam as paisagens tão características de Minas, são feitas a partir de sacos de cimento reciclados. “Pintamos e depois colocamos serragem de cor”, diz o artista. Ao longo de oito décadas, foi necessário muito cuidado para manter preservadas as peças originais, em gesso e papelão. “Todo ano a gente monta e desmonta. Guarda as peças uma a uma.” A montagem leva de seis a oito dias, devido ao cuidado com os detalhes e o acabamento.
Com o espírito de criança, Geraldo conta os dias ao longo do ano para dezembro chegar. “Para mim, o Natal é o presépio. Chega esta época do ano, fico doido para tudo ficar pronto”, diz. A obra virou atração na região, onde já recebeu milhares de visitas.
No início, o cenário ficava na casa da mãe de Geraldo, Alcídia de Oliveira. Para facilitar a visitação do público, foi montado em uma sala em frente à oficina onde o marceneiro trabalhou por muitos anos. “Tenho muito carinho, muito apreço. Foi feito com muito amor. Nosso pai que adquiriu e começou. Convivemos com isso a vida toda”, conta Elvira Oliveira, de 85. Em 82 anos, o presépio foi montado apenas quatro vezes em outros lugares da cidade.