Jornal Estado de Minas

Conheça histórias de pessoas que fazem aniversário no Natal

Longe de traumas pela falta de uma festa só sua, fazer aniversário nesta data também marca pelas boas recordações de encontros em família

Gabriel Ronan*
A jornalista Bárbara Goulart Cotrim Ruas diz que não se imagina fazendo aniversário em outra data - Foto: reprodução / facebookDia do aniversário é geralmente visto como aquela data especial que é só sua.
Geralmente. Para as personagens dessa matéria – e tantas outras pessoas mundo afora – aniversário é uma data sempre compartilhada, e com ninguém menos que Jesus. Esqueça aquele modelo tradicional de festa com bolo, vela e convidados ali presentes só para você. Quem nasceu no Natal passa a vida inteira sem saber o que é isso. No entanto, longe dos traumas que se pode imaginar para quem teve essa sina, muita alegria também marca a vida dessas pessoas.

“Não conheço mais ninguém que faça aniversário hoje, como eu, mas acho que as pessoas que nascem nessa data devem ser mais festivas. É um dia feliz. O mundo está em festa”, brinca a jornalista Bárbara Goulart Cotrim Ruas, de recém-completados 31 anos.
Na casa dela o Natal é tratado como uma ocasião alegre e especial, sempre positiva. Talvez por isso, a associação das comemorações para ela é sempre boa. “Sempre foi uma dupla felicidade”, comenta.

Natalete Aline Scofield Nascimento, de 62 anos, que o diga. Nomeada em homenagem ao dia em que nasceu, a aposentada não titubeia para dizer o que acha do dia em que nasceu: “adoro”. Ela gosta tanto que dá para perder a conta das vezes que embala o 'parabéns' entre a meia noite do dia 24 e o fim do dia 25. “Só na ceia da virada devem ter sido umas cinco vezes, cantando pelo nascimento de Jesus e do meu”, ressalta.

Natalete diz se sentir especial compartilhando o aniversário com Jesus - Foto: reprodução / facebookO resto do dia promete ser embalado pela dupla celebração. Assim fica difícil mesmo falar de trauma de aniversário natalino. Afinal de contas, entre ceia, almoço e jantar existem várias oportunidades de ganhar presentes, beijos, abraços e desejos de felicidade.

“Vou almoçar em casa e jantar com uma sobrinha e sempre chamo as pessoas para cantar. Canto o dia todo”, conta Natalete. No caso de Bárbara, a programação envolve saída com os amigos, além da celebração com a família. Mas nem sempre foi assim.
Hoje, mais bem resolvida sobre o assunto, ela não se importa se nem todo mundo comemorar com ela. Na infância não era bem assim. “Cada fase da vida é diferente. Quando era criança não dava para comemorar na escola, era ceia e parabéns em casa. Esse ano celebrei com a família e vou em um samba com amigos. Assim, quem já bebeu tudo vai poder beber mais comigo à tarde”.

Ser bem resolvido sobre a data parece ser o essencial para se conviver em paz com o fato que, querendo ou não, é inalterável. “Nunca tive trauma sobre isso. A única coisa ruim era na infância não poder fazer festa na escolinha, só que isso nem era pelo Natal, mas pelas férias”, diz o designer Adriano Ribeiro Ramos, de 50 anos.

Nem aquela velha perguntinha “mas você só ganha um presente?” incomoda. “Tem 50 anos que escuto isso”, brinca.
“Querendo ou não, você é sempre lembrado. Você sempre está em uma festa. Dá meia-noite, todo mundo canta parabéns. Nem todo mundo consegue juntar toda a família nos aniversários, no meu estamos sempre reunidos”, completa.

Bem resolvido, Adriano diz não ter traumas - Foto: reprodução / facebookMas que fique bem claro, os aniversariantes fazem mesmo questão dos dois presentes. Ou, como é o caso de Adriano, um melhor que o dos irmãos. “Minha mãe sempre fez questão que eu ganhasse um presente a mais por causa do meu aniversário, mas, às vezes, eu ganhava um só, melhor que o dos meus irmãos. Acho que é até vantagem fazer aniversário nessa data”, diz.

Se por um lado as datas juntas rendem mais presentes, esses aniversariantes também presenteiam – o que não chega a ser um problema. “Até hoje minhas irmãs fazem questão de me dar um presente para cada motivo e eu dou presente para todos, não falta nem um sobrinho. E faço com prazer”, garante Natalete.

“O ruim dessa data deve ter sido para a minha mãe, que teve de sair da ceia para me ganhar”, conta Bárbara. “Mas ela nunca reclamou. Aliás, disse que foi a melhor coisa que aconteceu com ela. Acho que eu que fui o presente dela naquele natal”, completa..