O secretário municipal de Agricultura, Sérgio Murilo Marques, salienta que o fato mais preocupante é que a barragem do Rio São Domingos, que fornece água para a cidade, está com apenas 13% de sua capacidade. “Nesta época, a barragem deveria estar com pelo menos 40%, como se encontrava no ano passado. A situação é muito preocupante”, enfatiza. “Neste mês, choveu apenas 44 milímetros na área da barragem, sendo que em dezembro de 2013 foram cerca de 550 milímetros de precipitação.”
Como medida para evitar o pior em 2015, a prefeitura decidiu manter o racionamento mesmo na época das chuvas. Mas a limitação do abastecimento na área urbana ao período de 9h às 18h é apenas um paliativo.
Da barragem do São Domingos também é retirada a água transportada em caminhões-pipa para a zona rural. Segundo a prefeitura, cerca de 7 mil famílias de 100 comunidades continuam sendo abastecidas por 12 veículos, como em pleno período seca.
Morador da comunidade de Traçadal, José de Aguiar Neto recebe água do caminhão que visita o lugar a cada 15 dias. Na localidade há poço tubular, mas a água é salobra – imprópria para o consumo humano. Não existe água de superfície, pois o Córrego Traçadal, completamente assoreado, permanece seco mesmo após as últimas chuvas. O agricultor lamenta os prejuízos, pois quase perdeu seu gado. “Vendi 60 cabeças pela metade do preço, para não deixar morrer de fome”, relata.
Os efeitos da estiagem prolongada são sentidos também em cidades como Monte Azul, no extremo Norte de Minas. O prefeito José Edvaldo de Souza (PP) disse que a chuva do fim de outubro elevou para 60% o nível da barragem que abastece a área urbana. Porém, mais de 600 famílias da zona rural continuam recebendo água por caminhão-pipa. “Choveu no fim de outubro e no início de novembro. Depois, faltou chuva e o pessoal perdeu tudo o que plantou. Continuamos precisando de muita chuva”, resume o prefeito.