Um dia depois da morte de um homem atropelado por um ônibus do Move, na Avenida Antônio Carlos, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, as portas da Estação São Francisco, onde ocorreu o acidente, continuavam abertas e pondo em risco a vida dos passageiros que embarcam e desembarcam dos coletivos. Estragadas, as portas ficam abertas o tempo todo e os passageiros, mesmo sabendo que podem se acidentar, põem o corpo para fora da plataforma, preocupados em não perder o ônibus.
“Com os painéis apagados, quase que por instinto, colocamos o corpo para fora, como eu estava fazendo há minutos para ver se o ônibus está chegando. Com a porta aberta e o telão apagado temos que olhar lá fora”, queixou-se o analista de sistema Wendell Carlos, de 18 anos, aproveitando para reclamar de outro problema recorrente nas estações de transferência: o mau funcionamento dos painéis eletrônicos, que deveriam informar a chegada e a partida dos ônibus.
DENÚNCIA DO EM O risco que que as portas defeituosas do BRT/Move representam para os passageiros foi denunciado pelo Estado de Minas na edição de segunda-feira. Levantamento feito pela reportagem mostrou que das 456 portas nas 36 estações, 285 estavam abertas quando deveriam estar fechadas, ou seja, 62,5% dos equipamentos apresentam defeitos que podem contribuir para acidentes como o que matou o homem na noite de Natal. A reportagem também constatou que 10,87% das portas não abriam quando os õnibus passavam, fazendo que muitos passageiros perdessem a chance de embarcar
Além desses problemas constatados pelo jornal, passageiros denunciam outros. Wendell Carlos disse que , de madrugada, alguns motoristas não param nas estações, o que faz com que muitos passageiros assumam o risco de colocar o rosto e até todo o corpo para fora da estação. Foi o que fez o analista de sistemas Leandro Álves, de 29, na cabine do sistema metropolitano na Estação São Francisco. “Tenho que observar os ônibus que vêm. A porta aberta é uma falha de segurança. Se os painéis informassem o horário certo em que os ônibus passam, não teríamos que olhar. Mas não funcionam”, disse.
Devido aos problemas nas portas, o auxiliar de limpeza Francisco Henrique, de 31, arriscou-se, na tarde de ontem, ao andar no beiral da estação quando o ônibus estacionou. “É perigoso. Tem motorista que mal espera a gente descer e arranca o veículo. A gente pode contar nos dedos as portas que funcionam. Cada hora dão um desculpa. Ora dizem que as portas estão em manutenção, ora que são os usuários que apertam o botão para que as portas fiquem abertas”, completou.