A votação para a escolha do nome do segundo gorila nascido em cativeiro na América do Sul deve ser mantida pela Prefeitura de Belo Horizonte. Contrariando a recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Procuradoria Geral do Município encaminhou o parecer ao órgão se posicionando favorável à conclusão do processo. Ainda não há data para a divulgação do nome do primata.
Nessa quinta-feira, o Prefeito Marcio Lacerda (PSB) já tinha comentado a intenção da PBH de manter a eleição. Para ele, o MP errou. O administrador municipal voltou a dizer que “existem outros problemas sérios na cidade que precisam merecer a atenção do órgão”.
A polêmica começou depois que a Fundação Zoobotânica decidiu homenagear a cultura africana, para lembrar o continente de origem da espécie. Para isso, escolheu as opções Ayo, que significa “felicidade”; Bakari, “o que terá sucesso”; e Jahari, cujo significado é “jovem forte e poderoso”.
A escolha de nomes africanos desapontou o Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural (Insod), que provocou o MPMG para barrar a eleição. Para a ONG, a proposta pode trazer danos ao vincular o macaco, um dos ícones históricos do racismo, à cultura negra. A entidade alegou que os nomes escolhidos são usados como sobrenomes na África, e isso pode favorecer o racismo e o bulliyng, em caso de crianças.
Ao receber a denúncia da ONG, o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos (CAO-DH) e a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Belo Horizonte expediram a recomendação à Fundação Zoobotânica. No documento, pediram o imediato cancelamento da votação ou a substituição dos nomes por outros que não contenham origem africana.
Na recomendação, as promotoras de Justiça Nívia Mônica da Silva e Cláudia Amaral Xavier afirmam que “muito embora bem intencionada, a votação pode atuar em sentido contrário ao pretendido: ao invés de prestar uma homenagem ao continente africano, contribuirá, por certo, para a perpetuação de uma opressão sistêmica e estrutural ao povo negro”.
O em.com.br tentou contato com as promotoras autoras da recomendação, porém nenhuma foi encontrada para comentar o assunto. A assessoria de imprensa do Ministério Público informou que as representantes da promotoria só voltarão ao órgão depois do recesso, em janeiro. .