O carnaval de rua em Belo Horizonte cresceu tanto nos últimos cinco anos que, pela primeira vez, as agências de turismo colocaram à venda pacotes para foliões de outros estados e cidades. Depois de anos sob a pecha de cidade fantasma, a capital mineira deverá receber ao menos 500 mil turistas que se juntarão aos cerca de 1 milhão de belo-horizontinos foliões dos blocos na festa de momo. Segundo a Belotur, 180 blocos já se cadastraram para sair às ruas de BH. A previsão do presidente da entidade, Mauro Werkema, é de que o número chegue a 200.
As agências focam a divulgação em dois pacotes de referência, mas há outras opções disponíveis. Um dos pacotes oferece quatro dias, com hospedam em hotel de categoria econômica, transfer aeroporto e hotel, city tour e suporte para o turista participar de um dos blocos pelo valor de R$ 490. A outra opção, de cinco dias, inclui, além de hospedagem em categoria de luxo e traslado, passeios à Serra do Cipó ou a Inhotim, em Brumadinho. O pacote será vendido por R$ 1.340. “No ano passado, foram identificados fluxos de turistas de outras capitais, como o Rio de Janeiro, mas o público maior esperado é do interior de Minas”, afirmou o diretor financeiro da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Minas Gerais (ABIH-MG), Alexander Borges.
“No período do carnaval, a taxa de ocupação é bem baixa. A nossa expectativa é de um aumento de 20% na ocupação dos hotéis, de sábado até a terça-feira de carnaval. Estamos bastante otimistas. A evolução do carnaval, o boca a boca e o esforço de divulgação dos pacotes gerarão um resultado positivo”, explica Borges. A rede hoteleira em Belo Horizonte possui 26 mil leitos. O anúncio da oferta de pacotes foi feito na manhã de ontem por representantes da ABIH-MG e da Associação Brasileira de Agentes de Viagens em Minas (Abav-MG) à Belotur e à Secretaria de Estado do Turismo.
O idealizador e vocalista do bloco Baianas Ozadas, Geo Cardoso, avalia a oferta de pacotes turísticos como um reflexo natural do crescimento da folia em BH. No entanto, ele chama a atenção para a estrutura da festa. Cardoso lembra que os blocos não querem que o carnaval belo-horizontino siga modelos de outras cidades em que as pessoas precisem pagar abadás para acompanhar a folia. Ele lembra que, em Belo Horizonte, a festa momesca renasceu a partir de discussões sobre a ocupação do espaço público na cidade. “Uma ala não quer o crescimento do carnaval”, diz. A aposta, segundo o folião, é nos blocos como uma manifestação carnavalesca espontânea.
A previsão de um público maior implica, automaticamente, na ampliação da infraestrutura, como banheiros públicos e limpeza antes e depois dos cortejos. Segundo a Belotur, este ano serão investidos R$ 5,5 milhões na festa.
ESCOLAS NA AFONSO PENA A Belotur informou que está fazendo o mapeamento dos blocos, que devem informar os pontos de concentração e trajeto que irão pecorrer. Paralelamente ao desfile dos blocos de rua, haverá o desfile das escolas de samba e blocos caricatos na Avenida Afonso Pena. Serão montados 14 palcos para shows nas regionais e outros cinco na Savassi, Pampulha, Praça da Estação, Parque Municipal e Avenida Brasil. Toda a programação deverá ser anunciada no dia 12.
NA ONDA DA FOLIA
R$ 490
Valor mínimo do pacote de quatro dias para BH
R$ 1.340
Preço máximo do pacote de cinco dias para a capital, incluindo passeios no entorno de BH
200
Número de blocos estimado para desfilar este ano.