Foi apenas há 30 anos, quando a capital mineira já tinha 88 anos, que o poder público começou a criar políticas de urbanização, como o Profavela, idealizado em 1983 e iniciado em 1985. A expansão urbana e desordenada no arraial pertencente a Sabará e que serviria de berço para BH obrigou a Comissão de Construção da Nova Capital a autorizar moradias provisórias nas regiões do Leitão e Alto da Estação, que podem ser consideradas as primeiras favelas da cidade. As permissões são anteriores à inauguração da nova capital, datadas de 1894 e 1897, sendo que a região do Leitão se situava onde hoje está o Bairro de Lourdes e o Alto da Estação, depois chamado de Alto da Favella, que ficava perto da Praça da Estação.
Em pouco tempo, esses espaços foram ocupados por operários envolvidos nas obras da metrópole e passaram a ser tratados como problema social e de saúde pública pela administração da capital por falta de estruturas urbanas. Num relatório do Conselho Deliberativo que abrange de 1899 a 1902, na gestão do prefeito Bernardo Monteiro, a ordem era para que o poder público não permitisse casas sem instalações sanitárias na zona urbana ou “sem que sejam previamente examinadas pelos médicos”.
O termo favela ainda não era adotado, mas sim cortiços e cafuas. O relatório contabilizava “cerca de 600 cafuas no Leitão e 300 no lugar denominado Favella e em outros pontos com uma população de cerca de 2 mil pessoas (removidas da área urbana) para a 8ª Seção Suburbana (região da Serra)”, onde o prefeito fez concessões a título provisório.