No rastro do sol, os visitantes de Santana do Riacho e de Ouro Preto, vindos de várias partes do Brasil, também querem descanso e paz. A Serra do Cipó se recupera do triste caso que há pouco mais de um ano chocou moradores e afastou turistas: o assassinato dos advogados Alexandre Werneck e da namorada Lívia Viggiano. Com os criminosos condenados e a segurança reforçada, a região reencontra o sossego.
O “legal” de Cauã, de 5 anos, veio na respiração profunda, feliz, perto das águas do Cipó. É a primeira vez do garoto de calças curtas em Santana do Riacho. Passeio promovido pelo tio Oni, em dia de folga da farmácia em Belo Horizonte. “É um dos lugares mais importantes de Minas Gerais. Perfeito para o contato com a natureza”, defende Oni. Osmar, amigo da família, veio junto para conhecer a “beleza tão falada”.
Com a seca dos últimos tempos, o pequeno volume da Cachoeira Grande chama a atenção para a época. O biólogo André Belisário, de 47, lamenta as queimadas de 2014, que assombraram a Serra do Espinhaço. Desde 26 de dezembro, o sol segue a atrair visitantes. “Poucas vezes vimos tanta gente nesta época do ano”, comenta. Em dias de descanso e calor, cerca de 1 mil pessoas passam pelo complexo de cachoeiras Zareia – aberto ao público, das 8h às 18h.
Consuelo Marelli, embora esteja curtindo o calor e o passeio com as amigas, diz que gostaria que chovesse logo. “Não tem chovido nada e isso é muito ruim. O sol é bom para a gente passear, mas a chuva é mais importante”, avalia. Na companhia da amiga veterinária, Mayara também está contando com o peso das nuvens. “É bonito, mas está faltando muita água na cachoeira”, lamenta. No grupo de amigas, quem mais se diverte com a beleza da cachoeira é Luana, de 9 anos, que aproveita para fazer uma selfie para mostrar o passeio com as amigas.
Jéssica, Sarah e Izac, de Belo Horizonte, não têm o que reclamar das férias. Com o carinho das mães, Rejane e Valéria, o trio exibe a maior curtição no passeio pela história de Minas Gerais. Para Rejane, é fundamental que a juventude entenda o quanto antes”, a importância da preservação dos valores e do patrimônio do estado em que nasceu.
Paz
Disputado nos feriados e fins de semana, Lavras Novas tem fama de romântico. O casal de Belo Horizonte Breno Fiúza Cruz e Laura Tavares de Oliveira, feliz com o sol, escolheu o distrito de Ouro Preto para o descanso de janeiro. No topo da rua principal do vilarejo, o casal elogia a paisagem e a tranquilidade encontradas ali. O médico diz que está evitando os tumultos desta época. Laura, psicóloga, em busca de paz, também preferiu mais intimidade com a natureza nos primeiros dias de 2015.
O tempo firme que emendou dezembro a janeiro trouxe ainda mais satisfação aos visitantes do povoado. Fernando Darcie e Maria Caroline, de Lençois Paulistas, em São Paulo, falam em encantamento com Minas Gerais. Especialmente, “com a hospitalidade dos mineiros”. Estefânia Moura, depois de rodar meio mundo, decidiu morar em Lavras Novas. “Cheguei até aqui, seguindo os meus sinais”, revela.
A professora, empresária e dançarina do ventre, há cinco anos na região, comenta que, mesmo com chuva, os visitantes estão sempre presentes. “De dois anos para cá, a chuva diminuiu. Mas pode estar despencando a maior água que as pessoas vêm”, afirma. Estefânia encontrou paz “mental e física” no povoado. “O turista não tem muito o que fazer aqui e precisa dedicar mais tempo a si mesmo”, lembra.