Retaliando ameaças e burlando a fiscalização, os motoristas que fazem transporte clandestino de passageiros no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, ocupam espaços de frente para os fiscais, em volta dos táxis permitidos e até no estacionamento do terminal. Depois que os taxistas bloquearam a LMG-800, saída do aeroporto, na segunda-feira, em protesto contra a ação dos chamados “piolhos”, ontem a Polícia Militar e fiscais do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) fizeram blitz na rodovia e ampliaram vistorias nas calçadas e no saguão de Confins, mas não detiveram ninguém por transporte ilegal.
A reportagem do EM, entretanto flagrou motoristas sem permissão abordando passageiros entre os agentes das empresas de táxi permissionárias e os fiscais e levando para veículos sem licença, ainda que em número menor do que o habitual.
A manifestação de segunda-feira reuniu dezenas de taxistas credenciados. Eles fecharam a LMG-800, ligação entre o aeroporto e a Linha Verde. Depois de muitos desentendimentos com os “piolhos” a gota d’água para a categoria foi uma briga no sábado entre motoristas regulares e irregulares. Segundo os taxistas, os “piolhos” voltaram dando tiros e houve tumulto. Ninguém se feriu ou foi detido.
O Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários, Taxistas e Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de Minas Gerais (Sincavir) diz que pelo menos 100 “piolhos”atuam em Confins. Atualmente, existem 500 veículos autorizados para transportar passageiros em Confins, entre táxis metropolitanos e de cooperativas.
A fiscalização não intimida os clandestinos.
A reportagem apurou que assim que a operação dos policiais e do DER foi montada, na saída de Confins, os “piolhos” marcaram reunião por celular para decidir o que fazer. O local escolhido é um posto de combustíveis no início da Linha Verde, que é usado por eles para abastecimento, manutenção e apoio, como se fossem uma cooperativa legal.
A fiscalização contou com duas viaturas de PM e duas do DER, mas ninguém foi detido por transporte irregular e nenhum veículo foi apreendido. A assessoria de imprensa do DER-MG informou que faz ações rotineiras e ostensivas em áreas próximas ao aeroporto em conjunto com a PM. “Só no ano passado foram 5,6 mil ações de fiscalização no estado. Do total, 40% foram promovidas em Confins.
AÇÃO LIVRE
Taxistas consultados pela reportagem dizem que a ação dos atravessadores e dos transportadores ilegais ocorre sem preocupação. “Eles (‘piolhos’) estacionam até mesmo em volta da garagem do nosso ponto de apoio (táxis metropolitanos). Comem na nossa lanchonete e estacionam no entorno do aeroporto”, afirma um motorista credenciados. “Usam celulares para transferir os clientes e revezar o lugar no estacionamento, que acaba saindo baratinho porque não ficam mais de uma hora estacionados”, conta outro taxista, de Lagoa Santa.
O Sincavir afirma que a ação contra os “piolhos” só terá efeito com fiscalização mais rigorosa e a partir da reorganização da área de desembarque do terminal, com maior presença dos serviços de táxis legalizados. “Queremos fiscalização mais ostensiva. Não vejo outra maneira: tem de ser a presença da PM, do DER-MG, trabalho em conjunto com a Infraero para coibir o transporte com carros particulares”, afirma o presidente da entidade, Ricardo Faedda. “O aeroporto está em constante transformação. Mudando a forma de desembarcar, com mais guichês de táxis no caminho dos passageiros poderíamos inibir os clandestinos e facilitar aos passageiros o acesso ao transporte legal”, sugere.
A BH Airport, que administra o aeroporto, informou que orienta os passageiros sobre o risco do transporte clandestino por meio de mensagens no sistema de som, nos painéis de informações de voo e em cartazes nas áreas de desembarque. Informou também que o terminal é monitorado por câmeras e quando a ação de clandestinos é percebida, aciona a polícia e a fiscalização.
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