Nem o ar-condicionado tem dado conta do calor dos últimos dias em Belo Horizonte. A reportagem do Estado de Minas percorreu vários pontos da capital para medir a temperatura e constatou que repartições públicas, ônibus do Move e mesmo empresas que usam os equipamentos têm registrado temperaturas acima de 25 graus, índice considerado ideal para o corpo humano. Quem trabalha em locais sem climatização ou ao ar livre sofre mais e deve ficar atento para não se expor ao sol sem proteção: especialistas alertam para possibilidade quadros de diarreia, vômito, fadiga, pressão baixa e queimaduras de primeiro grau.
Terça-feira, os termômetros da capital registraram a maior temperatura da estação e de 2015, de 33,9 graus, a mesma do dia 4. Ontem, a máxima foi de 32,5 graus, segundo o TempoClima/PUC Minas. A umidade relativa do ar atingiu 32% (entre 20% e 30%, é estado de atenção). Com o sol escaldante, era complicada a situação de funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que trabalhavam ontem na Praça do Papa, onde foram registrados cinco graus acima da média de ontem. Eles capinavam a grama com o uniforme de brim, tecido pesado e resistente, feito de linho e fibra sintética.
“Está difícil trabalhar no sol nos últimos dias. O calor aumentou muito e dá vontade até de tirar a camisa, apesar de ser proibido. A manga comprida evita acidentes com objetos que podem nos atingir durante a capina”, contou o jardineiro Fábio Zacarias, de 30 anos, que há três semanas capina a praça na companhia de outros funcionários. Andar de ônibus também tem sido um suplício. Mesmo nos veículos do Move, equipados com ar-condicionado, o termômetro marcou 31,8 graus.
Na Estação Sagrada Família, na Avenida Cristiano Machado, passageiros que aguardavam o ônibus enfrentavam 32,8 graus. “A gente chega no ônibus até passando mal, porque na rua a sensação é de um forno. No BRT é mais fresco, mas nem tanto”, contou a aposentada Helena Martins, de 61, que ontem seguia do Centro para o São Gabriel. Em um ônibus sem ar-condicionado da linha alimentadora 812, que liga o Terminal São Gabriel ao bairro, o termômetro marcou 32,4 graus.
O calor também incomoda em locais cobertos. Na sede do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul, o dia foi difícil para as cerca de 2 mil pessoas que passaram pelo local ontem. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, o movimento aumentou muito após a passagem das festas de fim de ano. Com tanta gente, os ventiladores instalados no salão de atendimento não aliviaram o calor.
Cuidados Com ar-condicionado, o posto do BH Resolve no Centro da capital, na Rua Caetés, tinha temperatura de 29,7 graus. Apesar de ter sido a mais baixa medida pela reportagem, a marca ainda está acima do recomendado. “O ideal para o corpo humano é que a temperatura seja em torno de 25 graus, com umidade relativa do ar acima de 35%”, explicou o clínico geral Marcelo Lopes Ribeiro, coordenador do setor de Emergência do Hospital de Pronto Socorro João XXIII.
Tanto calor, segundo especialistas, se deve à massa de ar quente e seco que atua em Belo Horizonte desde a última semana de dezembro e impede o avanço das frentes frias. Mesmo tendo começado a perder força ontem, o calor deve continuar nos próximos dias – ainda que com menor intensidade. A tendência é de possibilidade de chuvas pontuais e fracas entre os dias 21 e 24.
Palavra de
especialista
Marcelo Lopes Ribeiro
clínico geral
Hidratação é
fundamental
Como o corpo humano é composto de 60% de líquido e as pessoas perdem água por meio do suor, urina, saliva e respiração, é preciso repor sempre. Em dias de temperaturas amenas, o ideal é consumir dois litros de água por dia, mas esse volume pode dobrar em situações de muito calor, já que o gasto corporal se intensifica. Sem esse e outros cuidados, como proteção com filtro solar, uso de roupas leves, chapéu e óculos, além de cuidados com a umidade em casa e no trabalho, muitos pacientes chegam no pronto-socorro com quadros graves de desidratação. Quem mais sofre são crianças e idosos. Mas jovens e adultos também são internados por exposição excessiva ao sol e falta de hidratação, com diarreia, vômito, fadiga, taquicardia, pressão baixa e queimaduras. Algumas delas chegam a ser levadas para tratamento em centros de terapia intensiva, tamanha a gravidade. O calor em excesso, pode também agravar quadros de saúde de pacientes com doenças crônicas.
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especialista
Marcelo Lopes Ribeiro
clínico geral
Hidratação é
fundamental
Como o corpo humano é composto de 60% de líquido e as pessoas perdem água por meio do suor, urina, saliva e respiração, é preciso repor sempre. Em dias de temperaturas amenas, o ideal é consumir dois litros de água por dia, mas esse volume pode dobrar em situações de muito calor, já que o gasto corporal se intensifica. Sem esse e outros cuidados, como proteção com filtro solar, uso de roupas leves, chapéu e óculos, além de cuidados com a umidade em casa e no trabalho, muitos pacientes chegam no pronto-socorro com quadros graves de desidratação. Quem mais sofre são crianças e idosos.