Jornal Estado de Minas

Pacote de mudanças no trânsito prevê proibição de conversões à direita na Praça Sete

Trânsito no Centro da capital passará por mudanças radicais nos próximos seis meses. Segundo a BHTrans, objetivo é ampliar tempo de travessia de pedestre

Outra mudança significativa será a implantação da mão dupla na Rua Espírito Santo, entre a Rua Tupis e a Avenida Afonso Pena - Foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS
O trânsito de veículos e pedestres no Centro de Belo Horizonte passará por mudanças radicais. Motoristas que trafegam pelas avenidas Afonso Pena e Amazonas não poderão mais virar à direita em nenhum cruzamento da Praça Sete e terão de seguir em linha reta. Para sair de uma avenida e entrar na outra, os veículos deverão entrar na primeira rua anterior ou posterior à praça. A mudança faz parte de um conjunto de intervenções que serão feitas pela BHTrans no Hipercentro, nos próximos seis meses. Com isso, a empresa pretende deixar o transporte coletivo mais rápido e aumentar a segurança e o tempo de travessia de pedestres nas faixas, que será triplicado em alguns pontos. Por dia, 350 mil pessoas circulam a pé pela Praça Sete. Serão 400 mil com as mudanças. 
 
Os semáforos serão reduzidos de três para dois tempos nos cruzamentos da Afonso Pena com as Ruas São Paulo e Bahia e com a Avenida Amazonas. Segundo a BHTrans, depois das obras, o motorista vai reduzir pela metade o tempo gasto para cruzar o Hipercentro, pois o período verde dos sinais será 59% maior.
 
As obras estão divididas em três fases.
A demolição e construção de novas calçadas começam na próxima segunda-feira nas ruas Espírito Santo, Tamoios, Tupis e Afonso Pena. O quarteirão da Rua Espírito Santo entre Tupis e Afonso Pena, ao lado da Igreja de São José, que hoje é mão única para quem desce, será mão dupla. O motorista não poderá mais sair da Espírito Santo e atravessar a Afonso Pena para pegar a Tamoios e depois o Viaduto Santa Tereza. Ao descer a Espírito Santo, entrará à esquerda na Tupis, que terá a mão de direção inevertida, para depois pegar a Afonso Pena sentido rodoviária e entrar à direita na Tamóios.
 
A segunda fase da mudança será na Avenida Afonso Pena com Rua São Paulo. A Rua Tupinambás, entre Curitiba e Afonso Pena, terá a mão de direção invertida, assim como a Curitiba entre Afonso Pena e Tupinambás. Nesse ponto, o pedestre terá o dobro do tempo para atravessar a Afonso Pena, que é um dos pontos recordistas em atropelamento. 
 
Uma pista da Avenida Assis Chateaubriand, entre o Viaduto Santa Tereza e o Parque Municipal, hoje usada pelo motorista que sai da Avenida dos Andradas e entra na Rua da Bahia, também mudará de direção. O motorista que desce a Tamoios ou sobe a Bahia poderá entrar no viaduto ou descer a Assis Chateaubriand para pegar a Andradas.
 
O tempo para o pedestre atravessar a Praça Sete será reduzido de 55 para 20 segundos. O engenheiro Leonardo Vianna, de 39 anos, que sempre passa a pé pelo cruzamento, acha que o principal beneficiado será o pedestre, que terá mais segurança. Hoje, o sinal fica aberto para o motorista que faz a conversão à direita e os pedestres atravessam mesmo com o sinal fechado para eles. O motorista é surpreendido por uma multidão no meio da pista e o risco de atropelamento é constante. Quando o sinal está aberto para o pedestre, o motorista tem que parar assim que faz a conversão e uma longa de carros se forma atrás dele, causando retenção no trânsito.

O maior desvio será para o motorista que sai rodoviária pela Afonso Pena e entra à direita na Amazonas, sentido Praça Raul Soares. Com a alteração, ele terá de pegar a Rua dos Caetés, sentido Praça da Estação, até chegar à Avenida Amazonas e segui-la reto para o Barro Preto. Alan de Oliveira Braga, de 56, que trabalha em ponto de táxi da Afonso Pena, em frente ao Café Nice, acha que vai piorar.
“Não vou poder mais entrar à direita na Amazonas para levar um cliente no Bairro Floresta. Vou ter que seguir direto, entrar na Tupinambás, pegar a Rio de Janeiro, Caetés e Bahia para chegar ao Viaduto Santa Tereza. O passageiro vai gastar R$ 3 a mais na corrida”, disse. 

Mais rápido
De acordo com o superintendente de implantação e manutenção da BHTrans, José Carlos Mendanha Ladeira, as mudanças na Afonso Pena, Tamoios e Espírito Santo diminuirá de três para dois os estágios dos semáforos. “O transporte coletivo vai andar mais rápido e aumentar o tempo de travessia para os pedestres”, disse Ladeira. 
 
Ele garante que as obras não trarão transtornos para o trânsito. Para ele, os maiores prejudicados serão os pedestres, pois a largura dos passeios será reduzida para os operários trabalharem, mas haverá sinalização, garante. “Nossa estratégia é primeiro demolir, aumentar o espaço para os carros e depois fazer a alteração da circulação. Somente depois, vamos construir a geometria nova”, disse.
 
O custo das três obras será de R$ 3 milhões, parte de um financiamento de R$ 50 milhões obtido pela prefeitura, junto à Agência Francesa de Desenvolvimento, para implantação do Mobi Centro, que prevê uma série de alterações no Centro, Barro Preto, Santo Agostinho e Savassi, até 2016.

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