Jornal Estado de Minas

Guardas municipais protestam no Centro de BH após confusão com PMs

Os guardas fazem uma paralisação de 24 horas. Eles querem melhores condições de trabalho, principalmente a autorização para o uso de arma de fogo

Luana Cruz Cristiane Silva

- Foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press

Os guardas municipais de Belo Horizonte fazem um protesto na manhã desta sexta-feira depois da confusão com policiais militares, que terminou com uma servidora baleada.

O grupo saiu em passeata pelo Centro da capital. Os profissionais reivindicam melhores condições de trabalho, principalmente a autorização para o uso de arma de fogo. Os guardas fazem uma paralisação de 24 horas e de acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), a categoria pode entrar em greve na próxima quarta-feira se não houver negociação com a prefeitura.

Concentração de guardas na sede da corporação - Foto: Paulo Filgueiras/EM DA PressOs guardas saíram da porta da sede da corporação, na Avenida dos Andradas, vão seguir até a Praça da Estação, subir a Rua da Bahia em direção à Praça Sete e, por fim, andar até a porta da prefeitura de BH na Avenida Afonso Pena.

A guarda ferida ontem, Lília Emiliano, de 27 anos, passou por cirurgia na madrugada desta sexta e está bem, conforme informou a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). A assessoria de imprensa da fundação não deu detalhes do procedimento. Lilia continua internada no Hospital João XXIII, para onde foi transferida por volta de 20h30 depois dos primeiros atendimentos no Hospital Odilon Behrens.
A guarda deu entrada na unidade de saúde com uma fratura na mandíbula provocada por bala de borracha.

A briga entre guardas e PMs aconteceu na tarde de quinta-feira. Segundo informações do guarda municipal Maicon de Almeida Macedo Santos, Lília e outros quatro agentes faziam abordagens à pessoas que estavam oferecendo transporte irregular nas imediações da rodoviária de BH, quando o militar reformado Daleimar Ilário Moreira, de 47 anos, foi flagrado praticando a atividade irregular. Ele reagiu à abordagem de guardas com empurrões e chutes.

Para contê-lo, um guarda fez contra ele um disparo de arma de choque (taser) e deu voz de prisão. O abordado disse que era policial militar, mas, segundo os guardas, não apresentou documento. Em seguida, ele pegou o celular e ligou para o 190. Momentos depois, três viaturas da Polícia Militar chegaram ao local. De acordo com o tenente-coronel Gedir Rocha, subcomandante do 1º Batalhão, a central de atendimento da PM (190) recebeu um chamado de tentativa de homicídio.

Os PMs cercaram os agentes da prefeitura dizendo que eles não podiam efetuar a prisão de um militar. Novos empurrões começaram e, segundo a versão de Santos, um policial sacou uma arma calibre doze com munição de borracha e atirou. A guarda, que foi atingida e teve o lado direito da bochecha transpassado pela bala, não participava da confusão e apenas estava próxima ao tumulto.

A versão de populares que estavam próximo ao conflito e viram a cena, no entanto, é diferente. Segundo eles, no meio da confusão a arma do policial teria disparado acidentalmente. Lília foi socorrida, enquanto o guarda Fábio Vaz Peixoto, de 34 anos, foi detido por desacato.
O sargento reformado suspeito de transporte clandestino e o PM que disparou também foram para a delegacia. As corregedorias das duas corporações acompanharam o caso.

Boletins de ocorrência

Depois de toda confusão, a Guarda Municipal registrou boletim de ocorrência com pedido de apuração dos crimes de ameaça, abuso de autoridade, transporte clandestino de passageiros e lesão corporal de natureza grave. Ainda na quinta-feira, os guardas saíram em passeata protestando contra as condições de trabalho.

Conforme o tenente-coronel Gedir Rocha, o B.O feito pela PM tem registro de lesão corporal contra a Lília e desacato por parte do guarda Fábio Vaz. O policial Daleimar Ilário está à disposição da Justiça e um inquérito foi aberto pela PM para apurar a situação.

REIVINDIÇÃOES A Prefeitura de Belo Horizonte informou, em nota, que ainda não recebeu pauta do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) com as possíveis reivindicações. Segundo a PBH, não existe sucateamento de materiais permanentes, serviço e de consumo.

(Com informações de Márcia Maria Cruz e Thiago Lemos)




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