O tumulto envolvendo um perueiro, guardas municipais e policiais militares na quinta-feira não intimidou os motoristas que fazem transporte irregular de passageiros. Na tarde de ontem, pelo menos 20 ofereciam passagens para diversas regiões de Minas na entrada da rodoviária de BH. Um deles, que anunciava viagem para Sete Lagoas, na Região Central, foi mais ousado e entrou no saguão do terminal para abordar pessoas na fila de uma empresa de ônibus.
O perueiro oferecia transporte a R$ 15, mas o preço cobrado pela empresa para o mesmo destino é R$ 21,35. A viagem clandestina para Sete Lagoas é mais barata que a dos ônibus devido à grande concorrência entre os próprios perueiros, pois são muitos os que fazem o mesmo trajeto.
Vários clandestinos posicionados em frente à rodoviária gritavam oferecendo viagens para Sete Lagoas, Ouro Preto e Mariana. Alguns cobravam até mais caro do que os ônibus intermunicipais. Para Ouro Preto, por exemplo, a tarifa convencional é R$ 29,75 e eles cobravam R$ 30. Para Mariana, partindo da rodoviária, o preço do coletivo é R$ 34,85.
Cirurgia
A guarda municipal Lílian Emiliano Oliveira passou por uma cirurgia que começou às 23h30 de quinta-feira e terminou às 6h de ontem. Ela permanece internada na enfermaria do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), sem previsão de alta. Segundo a assessoria de imprensa da Fhemig, ela fraturou o maxilar, está sob efeito de medicamento e fala com dificuldade.
A mãe dela, a dona de casa Lindalva Emiliano Oliveira, de 52, disse que Lílian não se intimidou e vai continuar trabalhando na Guarda Municipal, profissão que escolheu e de que gosta muito. “Espero que o policial militar seja punido rigorosamente, pois o que ele fez com a minha filha foi uma covardia. Minha filha estava desarmada e ele atirou no rosto dela”, disse a mãe.
Ontem, cerca de 500 guardas municipais fizeram novo protesto, inclusive por melhores condições de trabalho e pelo direito de usar armas de fogo. Eles saíram em caminhada da Praça da Estação e foram até a prefeitura, onde se juntaram a agentes de combate a endemias e comunitários de saúde, em greve desde o dia 5. Dos 2 mil guardas municipais de BH, 225 não foram trabalhar ontem. No início da noite, a prefeitura recebeu a pauta de reivindicações do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), que representa os guardas municipais e disse que vai analisar os pedidos..