Faltando menos de um mês para o início do carnaval, a grande presença de pessoas nos ensaios dos blocos reforça a estimativa da prefeitura para a realização da maior folia da história de Belo Horizonte, que deve atrair 1,5 milhão de pessoas. A grande procura surpreende os próprios organizadores dos blocos e indica lotação recorde no carnaval As agremiações estão preocupadas com a realização dos ensaios em áreas públicas e mudam a estratégia.
O bloco Juventude Bronzeada cancelou os ensaios na Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste da capital, depois que mais de 2 mil pessoas foram ao local no domingo. O público é quase três vezes maior do que o que acompanhou o bloco no carnaval de 2014. Outro que cancelou o evento marcado para a Praça da Estação depois de amanhã é o bloco Então, Brilha. Já o Pena de Pavão de Krishna está usando locais fechados.
Ontem pela manhã, muito lixo ainda estava espalhado pela Praça Floriano Peixoto. Canteiros foram pisoteados e a empresa que faz a manutenção do local teve bastante trabalho. O regente do bloco Juventude Bronzeada, Rodrigo Magalhães, diz que o exemplo de domingo serviu para o grupo cancelar os próximos ensaios: “Na praça, não vamos fazer mais. Estamos procurando outro lugar”.
Ele conta também que integrantes do bloco tentaram incentivar as pessoas a juntar o próprio lixo, mas, mesmo assim, a sujeira foi grande.
O funcionário público Anderson Araújo, de 42 anos, reclamou da quantidade de lixo na praça. “É importante fazer planejamento para que esse material seja recolhido mais cedo e as pessoas possam usar a praça normalmente”, afirma.
Já a técnica em saúde bucal Keline Botelho, de 30, levou o filho de 2 anos para brincar na praça e também reclamou da sujeira. Ela cobra mais atuação da prefeitura: “Com o carnaval de BH crescendo dessa forma, é necessário investir em uma estrutura de apoio para os ensaios e garantir o espaço público para o restante da população”.
O maestro e coordenador do bloco Então, Brilha, Christiano de Souza Oliveira, o Di Souza, afirma que o primeiro ensaio, na quinta-feira, na Praça da Estação, atraiu mais de 3 mil pessoas. “O próximo ensaio está suspenso”, revela. Dois aspectos pesaram na decisão dos organizadores: “Um é a possibilidade de problemas com a multidão e outro é a qualidade dos ensaios”.
Para Flora Rajão, uma das idealizadoras do Pena de Pavão Krishna, o crescimento do carnaval obrigará a prefeitura a fornecer estrutura também para os ensaios e não só para a festa. “A gente toma muito cuidado para não ficar divulgando demais a preparação do bloco, pois não temos estrutura”, afirma. Ontem, o grupo fez o primeiro ensaio de 2015 e escolheu um local fechado no Bairro Santa Tereza, Leste de BH: “Vai ser bom para não perder o foco e também para evitar problemas com a quantidade de lixo”, completa.
Os ensaios do Baianas Ozadas são feitos no Largo da Saideira, espaço fechado destinado pela prefeitura para preparação dos músicos. O idealizador e vocalista do grupo, Geo Cardoso, acredita que dessa forma consegue manter a qualidade dos treinamentos e evita problemas com excesso de pessoas, porque os encontros registram, em média, 400 pessoas. “De qualquer forma, é importante lembrar que se o carnaval que está previsto é grande, o ensaio de um bloco também passa a ser grande e será necessária uma estrutura equivalente de limpeza e banheiros”, lembra.
SEM APOIO
Em nota, a Belotur informou que os ensaios são manifestações espontâneas, sem conhecimento do poder público e por isso não são submetidos aos procedimentos adotados durante o carnaval. A autarquia informa ainda que disponibilizou o Largo da Saideira, na Região Nordeste de BH para os blocos. Para isso, é necessário enviar e-mail para eventos.belotur@pbh.gov.br.
A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou que faz a limpeza dos eventos credenciados junto à prefeitura e que já está tratando com a Belotur da logística necessária para atuação no carnaval. Sobre o evento na Praça Floriano Peixoto, a SLU disse ser particular, cuja responsabilidade de limpeza é dos organizadores.