Jornal Estado de Minas

Itapecerica pode cancelar folia por falta de água

Rio que abastece o município está praticamente seco. Em setembro e outubro do ano passado, algumas casas ficaram sem receber água por até 12 dias

Márcia Maria Cruz


Além de Oliveira, que já cancelou o carnaval por causa da seca, outro município do Centro-Oeste de Minas pode fazer o mesmo hoje.

Acostumado a atrair 10 mil foliões, Itapecerica, de 22 mil habitantes, enfrenta o mesmo dilema. Segundo o secretário jurídico da prefeitura Edson Rios, o Rio Gama, que abastece o município, praticamente secou. “O rio está agonizando”, lamenta. Em setembro e outubro do ano passado, algumas casas ficaram sem receber água por até 12 dias, segundo ele, e a prefeitura recorreu à Copasa e ao governo de Minas para conseguir caminhões-pipa, o que amenizou o problema.

“Tomamos todas as providências para o carnaval deste ano. Fizemos licitações, mas não assinamos contratos. Há grande possibilidade de não haver carnaval devido à falta de água”, afirma o secretário, lembrando que o cancelamento da festa foi uma recomendação do Ministério Público.


Em Abaeté, na mesma região, está sendo feita uma campanha educativa com os moradores: “Um comercial pede a população para se conscientizar e não desperdiçar água”, afirma o secretário de governo, Armando Greco Neto.
Já a Prefeitura de São João del-Rei pretende fazer plano de contingência para enfrentar a estiagem. A cidade está em estado de alerta e estuda ações para que não falte água. Na próxima semana, haverá uma reunião entre o Departamento Autônomo de Água e Esgoto e o secretário municipal de Cultura para traçar o plano.

Em Diamantina, o trabalho de conscientização se intensificará com a chegada dos turistas. “O problema não está relacionado ao fluxo de entrada de água, mas ao número de pessoas que ficam nas casas, que são pequenas. Muitas vezes, a capacidade de reserva das caixas d’água não acompanha o fluxo de pessoas”, afirma o secretário de Cultura e Turismo de Diamantina, Walter Cardoso França Júnior.
 
TEM FESTA

Pompéu é outro município do Centro-Oeste que atrai muitos foliões. O nível do Rio Pará está bem abaixo do normal, mas ainda não interfere no abastecimento de água. O reservatório de Três Marias está com 10,40 % do volume, baixo para janeiro, mas ainda não interfere na capacidade de tratamento da água para o abastecimento da cidade”, afirmou a diretora de Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente, Denise Souza.

Segundo ela, será feita revisão preventiva pela Copasa para evitar imprevistos no carnaval. Caso necessário, a companhia colocará à disposição um caminhão-pipa para atender a população. A cidade espera mais de 20 mil foliões.

A falta d’água também é geral em Baependi, Sul de Minas.

De acordo com o coordenador do Plano Municipal de Saneamento Básico, Ricardo Toledo, o nível do Rio Baependi, que abastece o município, atingiu o nível mais baixo nos últimos 80 anos. Segundo a prefeitura, por enquanto o carnaval ainda não foi comprometido, mas pode haver complicações se não chover até lá. “A situação é pior na zona rural. Diversas propriedades estão tendo problemas de água. Muitas minas secaram e isso está gerando conflito entre as pessoas. Há gente mudando para a cidade por não haver água nem para consumo em sua propriedade”, disse Ricardo Toledo.

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