Na Avenida Raja Gabaglia, árvore caiu e destruiu caminhonete - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press
Bastaram poucos minutos e uma intensidade moderada, de 10 a 14 milímetros, segundo a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), para uma pancada de chuva que atingiu Belo Horizonte, ontem, por volta de 17h, derrubar árvores, causar interrupções no fornecimento de energia elétrica, transtornos no trânsito e prejuízos a comerciantes. Não chovia há 17 dias na capital mineira. A precipitação ocorreu justamente no dia em que os belo-horizontinos enfrentaram a mais alta temperatura dos últimos 27 anos para janeiro, com os termômetros registrando 35,1 graus.

Ninguém se feriu, mas a queda de árvores em vias movimentadas da Região Centro-Sul, como as avenidas Raja Gabaglia, no Bairro Cidade Jardim, e Francisco Deslandes, no Anchieta, trouxeram risco a motoristas e passageiros de ônibus. Na Raja, quatro árvores caíram interditando o sentido Praça da Assembleia, entre as ruas César Campos e Josafá Belo. Agentes da BHtrans desviaram o tráfego e houve grande congestionamento nesse trecho. Uma das árvores caiu sobre a carroceria de uma caminhonete Mitsubishi, que saiu arrastando o tronco até parar mais adiante. Nervoso depois de passar por esse susto, o proprietário do veículo que tem placas da cidade de São Lourenço, no Sul de Minas, preferiu não comentar o ocorrido.

Na avenida Francisco Deslandes, uma árvore de grande porte lascou e destruiu um ponto de ônibus, atingindo também a rede elétrica e o muro de uma residência. “Essa foi por pouco. Esse ponto costuma ficar cheio de passageiros. A sorte foi que a chuva começou depois que o ônibus já tinha passado”, disse a agente de turismo Hilda Lavorato, de 58 anos. Na esquina com a Rua Caratinga, outra árvore caiu sobre o muro e o telhado de um lava-jato e causou prejuízos. Os funcionários disseram que o barulho foi tão alto que eles pensaram que um raio tinha caído na rua.

A falta de energia elétrica causou prejuízos e trouxe transtornos aos bairros Floresta e Santa Efigênia, na Região Leste; Gutierrez, na Oeste; e também no Sion, Anchieta, São Pedro, Mangabeiras e Serra, na Região Centro-Sul. Numa barbearia da Rua Itapemba, a falta de luz obrigou os funcionários a levar seus clientes para perto da porta de entrada e aproveitar a luz do fim do dia para cortar os cabelos. “Precisei ligar para vários clientes para desmarcar o corte deles, porque sem luz não tem jeito de ligar as máquinas nem enxergar direito. Como pode uma chuva rápida dessas trazer tantos transtornos e prejuízos”, disse o cabeleireiro Reinaldo Gomes, que ainda terminou de cortar o cabelo do comerciante Adriano Barbosa Pereira.

Num supermercado da Avenida Uruguai, os clientes foram pegos de surpresa com a falta de luz e ficaram sem saber o que fazer com os produtos que já tinham colocado nos carrinhos, já que os caixas pararam de funcionar. “Liguei para a Cemig e disseram que ia levar 4 horas para resolver o problema. Assim, vou ter de fechar a loja e levar esse prejuízo”, afirmou o gerente do estabelecimento, Gustavo Queiroz. Vários semáforos também ficaram desligados nessas regiões, incluindo todos da Avenida Bandeirantes. A Cemig informou que enviou equipes a campo para resolver os problemas e determinar as causas da queda de energia.

Sem energia, Reinaldo Cortou o cabelo de Adriano do lado de fora. As amigas Mariana e Lorena se refrescaram na Praça da Liberdade - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press e Beto Novaes/EM/DA Press

BH 40 GRAUS Os termômetros em janeiro ultrapassaram os 30 graus em 18 dos 21 dias passados em Belo Horizonte. Ontem, atingiram a marca de 35,1 graus, a mais elevada para o período nos últimos 27 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O TempoClima PUC Minas confirmou o recorde do mês, com 35 graus na estação meteorológica da Pampulha. Depois de 17 dias sem chuva na capital, uma precipitação, que durou minutos, contrastou com o dia mais quente do ano.

Com a perda de amplitude da massa de ar seco sobre a capital e região metropolitana, os temporais isolados eram esperados pelos meteorologistas. No entanto, eles alertam que não serão precipitações contínuas, o que não resolve o problema da estiagem prolongada. A umidade relativa do ar ficou em 25%. “Quanto mais úmido e quente, mais desconfortável para as pessoas”, disse Humberto.

A partir de hoje aumentam as chances de chuva, mas ainda sem previsão para tempestades. Serão pancadas de fracas a moderadas e distantes uma das outras. No estado, as temperaturas mais altas foram registradas no Norte de Minas, em torno de 37 graus, e céu limpo sem nebulosidade. A chuva deve chegar também no Triângulo Mineiro, Zona da Mata e Sul de Minas.

Antes da chuva no final da tarde de ontem, as amigas Luiza Carminati e Izabella Pessoa, ambas de 15s, aproveitaram para passear na Praça da Liberdade. Como moram em Vitória, as adolescentes preferem fugir das praias cheias do Espírito Santo nesta época do ano, e passam as férias na capital mineira. “Adoramos BH. Nesta praça, temos árvores, muito verde e fontes.”, die Izabella.

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