No município da Zona da Mata, a água não é cobrada da população. A distribuição é de responsabilidade da prefeitura, mas por causa dos desperdícios e abusos a situação deve mudar em breve. O secretário de obras Paulo José Quetz explica o período de longa estiagem acabou com a "fartura" de água na cidade e são necessárias ações de remanejamento porque os reservatórios baixaram muito. “Estamos construindo dois poços artesianos em locais estratégicos para captar água e compensar o fornecimento”. Segundo Quetz, os poços vão ficar prontos até segunda-feira e devem suprir a demanda sem que seja necessário rodízio.
De acordo com Quetz, a médio prazo a prefeitura vai contratar a Copasa para captar e distribuir água na cidade. O projeto para aprovação da concessão de serviço será enviado para votação na Câmara Municipal. Enquanto isso, a Secretaria de Obras divulgou uma carta aberta à população pedindo uso consciente da água.
Em Lavras, a Copasa informou que o período de forte calor e poucas chuvas vem reduzindo os níveis dos ribeirões Água Limpa e Ribeirão Santa Cruz, que juntamente com o Rio Grande, abastecem o município, provocando intermitências no abastecimento de água de alguns bairros da cidade. Em dezembro, a companhia havia definido rodízio de abastecimento para alguns bairros. No entanto, choveu um pouco na região e a restrição foi suspensa. Agora, a Copasa pede a consciência da população para economia de água em casa.
A estiagem em plena época de chuvas castiga Minas Gerais. Subiu para 26 o número de municípios que decretaram estado de emergência por causa da seca. Até 26 de dezembro, conforme revelou o Estado de Minas, eram 10 cidades que haviam entrado em emergência depois de novembro. Agora, a estimativa é de que a quantidade vai aumentar, diante da previsão de chuvas insuficientes para os próximos dias. Enquanto isso, a população sofre com a falta de água e muitos prejuízos. A última cidade a solicitar ajuda estadual e federal para enfrentar a seca foi Viçosa, na Zona da Mata.
A seca prolongada e o risco de desabastecimento já comprometem a festa mais popular dos mineiros. A menos de um mês do carnaval, a folia foi cancelada em Oliveira, na Região Centro-Oeste, e na vizinha Itapecerica. Ouro Preto, uma das cidades que mais recebe foliões de outros estados, já se prepara para um carnaval sem água, caso não chova nos próximos dias. Enquanto isso, a prefeitura começou um sistema de rodízio para abastecimento nos bairros.
Diante da gravidade da situação em Minas, autoridades estaduais vão anunciar nesta quinta-feira medidas emergenciais para conter o consumo. Com a seca prolongada, os reservatórios que abastecem Belo Horizonte e a região metropolitana estão cada vez mais vazios. O terceiro maior deles, Serra Azul, responsável pelo fornecimento de 8% da água da capital, está com apenas 5,93% do seu volume ou menos de um quinto do que havia em janeiro do ano passado (51,66%). Rio Manso, o segundo principal, despencou de 95% para 45%, e Várzea das Flores registrou queda de 68% para 29%.
(Com informações de Luiz Ribeiro e Mateus Parreiras).