Jornal Estado de Minas

Copasa não descarta racionamento e pede que população reduza o consumo de água em 30%

Dos 34 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, 31 estão em situação crítica devido à estiagem. A empresa afirmou que se não houver redução, em quatro meses não haverá mais água

Alessandra Alves João Henrique do Vale

Durante coletiva, nesta quinta-feira, presidente da Copasa alertou sobre risco de desabastecimento - Foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press


Minas Gerais pode ficar sem água dentro de quatro meses caso não chova ou a população do estado freie o consumo em até 30%. O alerta foi dado pela presidente da Copasa, Sinara Chenna Meireles, durante coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, quando foi divulgado um conjunto de medidas emergenciais para conter a crise hídrica no estado. Se o cenário atual não mudar nos próximos meses, deve haver racionamento de água e sobretaxa para consumidores que gastarem em excesso.

“Se todo mundo continuar gastando o que estamos gastando, em quatro meses já não teremos mais nada. É preciso racionar água”, disse Sinara. Ela explicou que tanto a Copasa quanto o governo de Minas estão trabalhando com o pior cenário, mas que é preciso haver conscientização. “Precisamos ter um pacto para viver este período”, pediu a presidente.

Assista ao vídeo da coletiva da Copasa

 
Durante a coletiva, a presidente também falou sobre as ações que serão tomadas pela distribuidora para enfrentar a crise. Ela disse que equipes serão escaladas para trabalhar na Região Metropolitana em ações de vazamento e no combate as perdas, que segundo ela, correspondem a 40% do volume perdido.
Caminhões-pipa também serão adquiridos e poços artesianos devem ser implantados. Segundo Meireles, o esquema de rodízio pode acontecer daqui em diante como algum tipo de manobra na rede de distribuição, de forma que a água deixe de cair à noite em uma determinada região para abastecer outra.

O diretor de operação metropolitana da Copasa, Rômulo Thomas Perlli disse que quando houver rodízio a população será informada.“Teremos uma programação para avisar que entraremos em rodízio, quais bairros ficarão sem água de tanta a tantas horas, entre outros. Isso é para não entramos em colapso”. Ele disse ainda que em janeiro do ano passado, 78% da água estava armazenada nos reservatórios. Hoje, o índice caiu para 30%. A situação também ficou crítica na captação do Rio das Velhas, que hoje está em 8.85 metros cúbicos por segundo, quando no mesmo período do ano passado, o rio tinha 14 metros cúbicos de vazão.


Sinara também admitiu que podem ser solicitadas redução de consumo de água em algumas empresas e indústrias situadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas explicou que a redução está mais ligada a uma mudança de postura e remanejamento intermo. “Não estamos preocupados em multar, queremos economizar 30%”, argumentou.

Presidente da Copasa faz críticas à gestão anterior


A presidente da Copasa, Sinara Chenna, criticou a administração anterior por ter permitido o que o problema da falta de água no em Minas ficasse tão grave. A última diretoria vinha informando que não havia risco de desabastecimento, mas não informava quais os níveis dos reservatórios. Por esse motivo, a intenção da Copasa agora é informar por meio eletrônico e em tempo real a situação dos reservatórios.

“Nos últimos dois anos, a queda da produção dos reservatórios foi vertiginosa. No entanto, em vez de se tomar medidas e fazer campanhas para reduzir o desperdício e o gasto elevado, permitiu-se que o consumo aumentasse, comprometendo os reservatórios”, afirma Sinara Chenna.

Ainda de acordo com a presidente da Copasa, foram investidos R$ 4 bilhões nos últimos 4 anos, sendo R$ 733 milhões em sistemas de água e R$ 2,4 bilhões em saneamento. "As informações sobre essa crise já existiam e não houve uma priorização das obras mais urgentes”, disse.
Sinara disse também que a previsão de conclusão de obras para fortalecer o sistema de abastecimento é dezembro e deve ser antecipada.

DEFESA Por meio de nota, a assessoria do ex-governador Alberto Pinto Coelho contestou a declaração da presidente da Copasa, de que o governo anterior não tomou medidas necessárias para evitar a crise no abastecimento de água no estado. Diz que “a escassez de água no Sudeste agravada em 2014/2015, em níveis nunca vistos, surpreendeu os prognósticos dos institutos de pesquisas climatológicas, que indicavam que o período de chuvas, teria o chamado comportamento dentro da média”. Ainda segunda a assessoria, a gestão anterior da Copasa, mesmo diante das previsões, fez campanhas de conscientização sobre consumo e tomou medidas para expandir o abastecimento de água. Em relação à Grande BH, a nota afirma que foram implantados importantes projetos para aumentar o volume de água no Sistema Paraopeba, composto pelo Rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores.

Veja as medidas que serão tomadas pela Copasa

- Disponibilizar informações diárias sobre o nível dos reservatórios de abastecimento na Região Metropolitana de Belo Horizonte
- Destacar 40 equipes de campo na Grande BH para evitar vazamentos de água
- Implantar nova rotina para programação dos atendimentos em manutenções corretivas e preventivas
- Revisar procedimentos de operação do sistema integrado
- Realizar Campanha Educativa para a população reduzir consumo de água em 30% na Grande BH
- Intensificar a contratação de caminhões-pipa e a perfuração de poços artesianos
- Enviar ao Igam decreto de situação crítica de escassez de recursos hídricos em Minas
-Atuar na adoção de mecanismos legais, como racionamento de água e mecanismos tarifários
- Executar a captação de 5 metros cúbicos por segundo no Rio Paraopeba para a Estação de Tratamento de Água do Rio Manso.