Entusiasmado com a iniciativa – a abertura do processo foi autorizada pelo Vaticano há um ano –, o vice-postulador da causa, padre Heleno Raimundo da Silva, de Manhumirim, conta que o religioso já intitulado servo de Deus trabalhou em três continentes (África, Europa e América) –, embora não se registrem ainda milagres. “Temos muitas bênçãos e graças alcançadas por intercessão dele e, agora, começaremos a fase diocesana, com pesquisas para dar suporte à causa de beatificação. Ele foi um missionário por excelência. No país, trabalhou também no Rio Grande do Norte, Pará, Amapá”, diz o vice-postulador.
Minas já tem dois candidatos a santo, que são os beatos Padre Eustáquio e Nhá Chica.
Dedicação
Padre Heleno informa que a vida do religioso belga foi sempre de grande dedicação às obras sociais, às pessoas em trajetória de risco e vulnerabilidade, à saúde e à vida intelectual, já que escreveu mais de 100 livros. O seu legado inclui, em Manhumirim, a construção do Seminário Apostólico, Ginásio Pio XI (obra marcante da arquitetura local, em harmonia com o seminário e a igreja matriz), Colégio Santa Terezinha, Hospital Padre Júlio Maria, Patronato Agrícola Santa Maria, que ainda hoje acolhe crianças em situação de vulnerabilidade social, e Asilo São Vicente de Paulo, para idosos.
A semente plantada pelo servo de Deus se enraizou e se difundiu Brasil afora, pois fundou três congregações religiosas: Filhas do Coração Imaculado de Maria, Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento e Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora. Na véspera do Natal, a Congregação dos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, também conhecida como Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, lembrou os 70 anos de morte do padre Júlio Maria, que está sepultado no distrito que leva seu nome, no município de Alto Jequitibá.
Simpósio
Já está em andamento um simpósio de estudos, com palestras e oficinas sobre temas referentes à vida e à obra de padre Júlio Maria. Vão participar estudiosos de Minas, Amapá, Amazonas, Alagoas, Ceará, Pernambuco, Piauí, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Mato Grosso. Padre Heleno revela que, após iniciado o processo, haverá “o longo e delicado trabalho das comissões, que levantarão dados sobre a santidade do candidato, bem como a retidão de suas ações e pregações. Uma vez concluída a etapa, os documentos serão enviados a Roma, quando se iniciará nova fase. Aprovados os documentos, será necessária a comprovação de dois milagres: um para a beatificação e outro para a canonização”.
Como é o processo
Os processos de beatificação podem ser longos e demorar quase cinco décadas, como ocorreu no caso de Padre Eustáquio.
Tudo começa com a fama de santidade e virtude do candidato a beato, junto a um clamor da população. Os processos, com autorização do Vaticano, começam cinco anos depois da morte do candidato a beato.
Quando começa o processo, a pedido de uma congregação, de uma diocese ou outra instituição ou ordem religiosa, o candidato a beato pode ser chamado de “servo ou serva de Deus”. É preciso haver um milagre comprovado e que a medicina não consiga explicar, além de declaração de graças alcançadas, entre outras coisas.
A primeira parte do processo de beatificação se dá em nível diocesano e só depois disso toda a documentação é enviada para Roma para análises, verificação das procedências e outros aspectos.
Quando termina o processo de beatificação, começa o de canonização (tornar-se santo), sendo necessária a comprovação de outro milagre. .