O volume de captação do Reservatório Serra Azul, o terceiro maior de Belo Horizonte, despencou 70% em um ano. A escassez de chuva que deixa Minas Gerais em estado de alerta em relação ao abastecimento põe a represa em estado crítico. Segundo a Copasa, em janeiro de 2014, Serra Azul distribuía 2.200 litros de água por segundo e, neste ano, a vazão caiu para 661 litros por segundo. Ainda de acordo com a companhia, a represa opera atualmente com apenas 5,66% da capacidade total.
O nível é tão baixo que, segundo o gerente de produção da Copasa, Mauro Diniz, a torre de captação da represa está operando com apenas uma das três comportas e se encontra a 21 metros abaixo do nível máximo. Em períodos normais, a água chegava ao ponto mais elevado da estrutura e, a cada dia, o nível cai quatro centímetros em média.
Com a estiagem prolongada, a área no entorno da represa está com o solo seco e arenoso. Antes da seca, esse mesmo terreno ficava encoberto pela água.
O manancial Serra Azul tem nove quilômetros de extensão e recebe três afluentes do Rio Paraobeba que são os ribeirões Serra Azul, Estiva e Diogo. A represa abrange as cidades de Juatuba, Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Mateus Leme, na Região Central.
Menos de 24 horas depois de a Copasa anunciar que a água que abastece a Grande BH pode acabar até maio e admitir que medidas drásticas, como rodízio de fornecimento, racionamento e sobretaxa para quem ultrapassar a meta de consumo, poderão ser adotadas, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) vai conceder uma entrevista coletiva para falar sobre a situação da água.
A entrevista será na tarde desta sexta-feira, na cidade administrativa. Também vão participar a presidente da Copasa, Sinara Meireles (responsável pelo anúncio de ontem), o secretário de Estado da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Copasa, Marco Antônio Rezende, o secretário de Planejamento, Helvécio Magalhães, e o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Murilo Valadares.
Na quinta-feira, Sinara Meireles afirmou que a situação dos reservatórios é “extremamente crítica” e o “racionamento é iminente”. Ela pede que a população reduza o consumo de água em 30%. “Se todo mundo continuar gastando o que estamos gastando, em quatro meses já não teremos mais nada. É preciso racionar água”, disse Sinara. Ela explicou que tanto a Copasa quanto o governo de Minas estão trabalhando com o pior cenário, mas que é preciso haver conscientização. “Precisamos ter um pacto para viver este período”, pediu a presidente.