Enquanto a Copasa admite a possibilidade de rodízio e até racionamento, muitos moradores de Belo Horizonte já enfrentam um grave problema semelhante, que é a interrupção no fornecimento de água. Em quatro anos, houve um aumento de 118% nas interrupções do serviço em vários bairros, segundo os comunicados oficiais da Copasa. Em 2011, foram 22, e o número mais que dobrou no ano passado, 48. Em Minas, houve aumento de 16%. De 53 em 2011, passaram para 64 em 2014 no estado. Um dia depois de a presidente da companhia, Sinara Meireles Chenna, anunciar uma série de medidas para reduzir o consumo em 30%, moradores dos bairros Caiçara, na Região Noroeste, Cidade Nova, na Região Nordeste, Castelo e Bandeirantes, na Pampulha, se queixam de problemas no fornecimento.
No Bairro Buritis, os moradores já recorrem aos caminhões-pipa. A reportagem do Estado de Minas procurou as cinco maiores empresas de fornecimento de água por meio de caminhões-pipa em Belo Horizonte e região e em todas os principais clientes da capital mineira são os condomínios e empresas do Bairro Buritis. O fluxo é tão intenso que de acordo com a empresa Água Viva, só nesta quinta-feira foram deslocados 12 caminhões com capacidades de 8 mil, 10 mil, 16 mil e 20 mil litros para essa região. As companhias informaram que precisam traçar rotas de atendimento, pois não há veículos suficientes para atender a todos os pedidos.
No Bairro Castelo, os moradores se preparam para lidar com a suspensão do fornecimento em um momento do dia. Em um condomínio na Avenida Miguel Perrela, o subsíndico Humberto Costa até fixou um alerta no elevador. “Estamos sem água no bairro e também no reservatório do condomínio. Segundo informações, teremos racionamento de água todos os dias até que volte a chover em Minas.”
Moradores também reclamam da irregularidade no fornecimento, no Bairro Caiçara. Na Rua Marambaia, a água costuma faltar por volta das 15h. “A água vem na parte da manhã, mas à tarde acaba. Pode ser que o problema ocorra por não ter pressão suficiente para chegar até aqui”, afirma o vigilante Diego Samuel Duarte Moreira, de 27 anos.
Na mesma rua, funcionários de um lava a jato afirmam que passaram a fazer a lavagem dos carros a seco, substituindo a água por produtos químicos. De acordo com relatos dos moradores, o bairro ficou durante na última quarta-feira sem água. “Anteontem, faltou água o dia inteiro. Só normalizou à noite. Temos que encher os baldes e economizar cada vez mais”, afirmou o aposentado Gilberto Monteiro Pio, de 63.
No Bairro Cidade Nova, o proprietário do sacolão Semente da Terra, Olavo Júnior de Araújo, foi alertado por funcionários da prefeitura sobre o desperdício. “Passaram na porta viram que eu estava lavando as verduras com a mangueira, desceram do carro e disseram para usar o borrifador.” Ele pondera que no futuro a abordagem pode ser mais rigorosa. “Por enquanto, não falaram de multa. Mas me disseram para economizar o máximo possível.”
Por meio de nota, a Copasa admite os problemas de interrupção do fornecimento. “Devido a diversos problemas no macrossistema de água que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte, alguns bairros estão apresentando intermitências no abastecimento. A Copasa já esta tomando as medidas necessárias para a regularização dos sistemas”, diz a nota.