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Estado de Minas

Indústria teme racionamento de água e luz

Laticínios dizem que só podem reduzir em 10% dependência de mananciais. Em outros setores, promessa é reforçar uso racional e diminuir efeitos de restrição de água e energia


postado em 24/01/2015 06:00 / atualizado em 24/01/2015 09:08

Com a experiência de ter enfrentado o racionamento de energia adotado pelo Brasil em 2001, indústrias de diversos setores estão reforçando medidas de uso racional de água e luz em Minas Gerais, na esperança de diminuir a vulnerabilidade da produção à escassez dos dois recursos. Os laticínios, um dos segmentos mais dependentes de água no processo de pasteurização e resfriamento de leite, poderão reduzir em no máximo mais 10% a dependência dos mananciais hídricos, informou ontem o Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg). Nas empresas de mineração, o índice de recirculação de água alcançou no ano passado 80%, em média, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Outro setor intensivo no uso desses recursos naturais, as usinas siderúrgicas reaproveitam 96,5%, também em média, da água usada nas etapas de redução, refino e laminação de aço, de acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr). As iniciativas, no entanto, não diminuem o nível alto de preocupação dos empresários com um racionamento já considerado imperativo. “Um país que se planeja antecipadamente, reduz prejuízos”, afirma Lincoln Gonçalves Fernandes, presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

Medidas planejadas de racionalização são consideradas essenciais, inclusive, para aquelas empresas e propriedades rurais que mantêm reservatórios próprios de água ou têm outorga para captação direta dos mananciais hídricos. Elas implicam diminuição dos custos de produção. Lincoln Gonçalves observa que um cenário pouco provável de chuvas intensas até março não seria suficiente para recomposição de água no nível necessário dos reservatórios das usinas hidrelétricas. “Este país precisa de uma economia de guerra desses insumos. Não sei a qual partido São Pedro está filiado, mas já passou da hora de a presidente Dilma tratar seriamente desse problema com o setor produtivo e adotar um processo de racionamento com medidas inteligentes”, criticou.

Economia A indústria de laticínios adquiriu tecnologia e aprimorou máquinas para criar um circuito fechado de limpeza e higienização dentro das fábricas, com reutilização de água, mas a despeito de todas as técnicas de racionalização do consumo, dificilmente vai conseguir, agora, economizar mais de 10%, avalia Celso Moreira, diretor-executivo do Silemg. “As empresas menores terão dificuldades para avançar e buscar formas de suprir a falta das águas superficiais, como os poços artesianos”, diz o executivo. Atuam no estado quase 1 mil laticínios de pequeno, médio e grande porte, responsáveis pela produção ao redor de 9 bilhões de litros de leite no ano passado. A expectativa é de repetir esse volume em 2015.

Na indústria têxtil, os melhores índices de recirculação de água no processo industrial se aproximam, hoje, de 30% do insumo que chega `às unidades industriais, estima o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malha do Estado de Minas Gerais, Flávio Roscoe Nogueira. “A indústria têxtil já milita na questão da água e todas as fábricas têm sistemas de tratamento de um recurso que é essencial e permanentemente trabalhado pelas empresas”, diz o industrial.

No agronegócio, a agricultura irrigada, avicultura e suinocultura, além da pecuária de leite são as atividades mais sensíveis a um racionamento de água e energia. “Rodízio e racionamento sem planejamento são medidas extremamente preocupantes, hoje, porque as áreas irrigadas e a mecanização no campo cresceram”, alerta o superintendente do Instituto Antônio Ernesto de Salvo, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Santos Vilela.


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