Moradores do Mangabeiras protestam contra expansão de hospital aos pés da Serra do Curral

Dossiê da associação do bairro alerta que expansão do antigo Hilton Rocha terá impacto "devastador" sobre visual do principal cartão-postal de Belo Horizonte

Documento dos moradores questiona dimensões: prédio de 107 m passaria para 270 m - Foto: AMBM/Divulgação


O Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comam) decidirá amanhã sobre a concessão de licenciamento ambiental do empreendimento que pretende expandir o antigo Instituto Hilton Rocha, construído aos pés da Serra do Curral. Os moradores do Bairro Mangabeiras consideram a ampliação do prédio, construído em área de conservação ambiental, uma agressão ao principal cartão-postal de Belo Horizonte e exigem um estudo de impacto para que o conselho avalie os possíveis danos e mudanças na característica da serra.

A Associação dos Moradores do Mangabeiras elaborou um dossiê avaliando ponto a ponto as polêmicas sobre a ampliação do prédio e estuda acionar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) caso o Comam autorize o empreendimento. Um dos argumentos usados é que a ampliação poderá mais que dobrar o tamanho da área construída ao pé da Serra do Curral. “Pela foto apresentada para o novo empreendimento, pode-se antever um prédio de grande extensão, que passaria dos atuais 107 metros de comprimento para cerca de 270 metros, além de aumentar mais dois andares. O impacto visual na serra tombada será devastador”, explica o consultor jurídico do Movimento das Associações de Moradores de BH, Wilson Ferreira Campos.

Parecer

Em dezembro do ano passado, o relator do projeto de expansão, Homero Brasil, deu parecer favorável à concessão de licenciamento ambiental sob protestos dos moradores, mas três conselheiros pediram vista para poder avaliar a proposta. Amanhã, às 13h30, o grupo de 15 conselheiros que integram o Comam volta a discutir a questão.

São oito conselheiros indicados pela Prefeitura de Belo Horizonte e sete representantes da sociedade civil.

Moradores vizinhos à Serra do Curral defendem a demolição das ruínas do Hospital Hilton Rocha, desativado há seis anos, e a recuperação ambiental da área. O grupo Oncomed, que arrematou o prédio em 2009, pretende ampliar a área construída de 22,9 mil metros quadrados, chegando a 39 mil metros quadrados. Os moradores estão apreensivos com a possibilidade de uma mudança no aspecto visual do patrimônio, tombado desde 1960, e de sérios impactos à região, a começar pelo trânsito.

“O prédio do antigo instituto está abandonado, deteriorado, agredindo a harmonia da Serra. Mas a implantação da Oncomed não vem reverter esse processo. É plenamente possível permitir a demolição do edifício existente, pois ele não é tombado”, argumenta o advogado Wilson Campos. Os moradores e o Ministério Público de Minas Gerais entraram com ações para suspender o licenciamento. No parecer do MPMG, por ser um local protegido pelo patrimônio e área residencial, não pode ter hospital como destinação.

 

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