Jornal Estado de Minas

Integrantes do Tarifa Zero presos por pichação em BH reclamam da demora para serem soltos

Quatro integrantes do movimento foram detidos nessa segunda-feira durante protesto contra aumento da passagem. Grupo ficou 12 horas até ser liberado na manhã desta terça-feira

Thiago Lemos
Suspeitos ficaram detidos por 12 horas na Central de Flagrantes da Polícia Civil no Bairro Floresta - Foto: Reprodução/TV Alterosa

Os quatro integrantes do movimento Tarifa Zero presos acusados de pichar uma estação do Move e uma banca de revista durante uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no Centro de Belo Horizonte, na noite dessa segunda-feira, foram soltos na manhã desta terça-feira, 12 horas após as detenções. Os detidos reclamaram da demora para serem liberados da Central de Flagrantes II, para onde foram levados. A Polícia Civil diz que a lentidão foi culpa de um plantão “atípico”.

Gladson Reis, Lucas Ferrari, Pedro Blanc e André Veloso, segundo a PM, foram flagrados depredando uma estação de ônibus na Avenida Paraná e uma banca nas imediações. A PM diz que toda a ação foi filmada. Com os suspeitos, os militares disseram ter apreendido recipientes de plástico e um galão com tinta.

De acordo com a Polícia Civil, os quatro manifestantes foram autuados na Lei 9.605/98 – lei de crimes ambientais – por pichar edificação ou monumento urbano. A pena varia de três meses a um ano de detenção, além de multa. Como se trata de um crime de menor potencial ofensivo, os rapazes assinaram Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foram liberados.
No entanto, eles deverão comparecer ao Juizado Especial Criminal no próximo dia 27, quando será realizada uma audiência que deverá definir qual tipo de pena eles cumprirão.

Sobre a demora na liberação dos detidos, a Polícia Civil informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que na noite desta segunda-feira foram atendidas 10 ocorrências, sendo oito flagrantes e mais seis casos que ficaram para o plantão seguinte.

Para Izabella Lourenço, integrante da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (ANEL), entidade que participou do protesto com os manifestantes do Tarifa Zero, a prisão da polícia foi arbitrária e com intenção de reprimir as manifestações. Ela questiona ainda a demora na liberação dos detidos. “Desde a prisão, a PM mostra repressão aos manifestantes, e a demora para liberá-los só confirma isso.” Para mim, este caso não se trata de uma prisão contra o patrimônio e sim uma prisão política”, opina Izabella.

Izabella também constata o flagrante feito pela PM. “Não vi o vídeo que a PM diz ter feito. O que podemos dizer que é tudo muito estranho. Se filmaram, por que não fizeram nada na hora e esperaram para prender no fim da manifestação?", questionou.

Segundo a PM, os suspeitos escreveram o valor da passagem na estação do Move - Foto: Reprodução/TV Alterosa
A prisão


Os quatros integrantes do Tarifa Zero foram presos na Praça Sete, no fim da noite dessa segunda-feira, distante do local das pichações. A manifestação já estava no fim e houve princípio de tumulto. Segundo a PM, a ação foi filmada e a prisão aconteceu depois do ato para evitar confronto com os manifestantes, que estavam em grande número. Os suspeitos foram monitorados e a abordagem realizada no momento em que havia poucos integrantes do movimento..