Nem a tempestade que caiu na segunda-feira em Belo Horizonte, a mais volumosa do ano, que despejou 34 milímetros de água, superando a chuva de domingo em 3 milímetros, conseguiu dar alento significativo aos reservatórios de Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores, os três que constituem o chamado Sistema Paraopeba: ele ganhou apenas 0,3% em seu volume de segunda-feira para ontem. O reservatório de Vargem das Flores, entre Betim e Contagem, foi o que mais aproveitou a precipitação, subindo 1,4%. Os reservatórios de Rio Manso e de Serra Azul, que são maiores, tiveram uma elevação discreta, de 0,2% cada um.
A três dias do término do mês, o acumulado de chuvas na capital mineira chega a 87,5 milímetros, o que representa 29,5% da média histórica, de 296,3 milímetros. Janeiro é considerado pelos meteorologistas como o mês de maior precipitação da estação chuvosa.
Barreiras
Uma série de barreiras se interpõem entre o caminho das águas da chuva e o reservatório, retardando um efeito mais sensível no nível dessas barragens, segundo a avaliação do mestre em ecologia aquática e consultor de recursos hídricos Rafael Resck. “O nível normal dos reservatórios só seria alcançado com chuvas de 30% a 40% acima da média e constantes nos próximos dois anos”, estima. O especialista afirma que a precipitação diretamente sobre o espelho d’água não é capaz de representar impactos significativos num manancial. É preciso que as áreas de recarga sejam atingidas. “Mesmo quando a água penetra no solo, a chegada ao aquífero e o abastecimento das nascentes que regularizam os rios leva ainda tempo, chegando até a uma semana, dependendo do rio”, detalha Resck.
No estado, ontem foi registrada chuva em Itaúna e Pará de Minas (Centro-Oeste), Lavras e Varginha (Sul), Frutal e Uberaba (Triângulo), Pirapora (Norte), Barbacena (Central), São João del-Rei (Vertentes) e Juiz de Fora, Ubá e Muriaé (Zona da Mata).