Jornal Estado de Minas

Escolas de BH buscam soluções para garantir abastecimento na volta às aulas

Colégio de BH dá exemplo ao manter grande reservatório que capta a água da chuva

Junia Oliveira

Adriana, diretora do Colégio Sagrado Coração de Jesus, mostra tanque que recebe água de chuva - Foto: EULER JÚNIOR/EM/D.APRESS

O currículo das escolas terá uma nova “disciplina”, a partir de segunda-feira, quando 900 mil estudantes da educação básica voltam para as salas de aula na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Faltando apenas quatro dias para o recomeço dos estudos, os colégios ainda buscam soluções para enfrentar a crise de abastecimento e contam com a mobilização da comunidade acadêmica para reduzir o consumo. Na rede pública, as secretarias se reúnem com diretores para discutir como economizar. Na particular, a orientação é apelar a caminhões-pipa. Pegos de surpresa há pouco mais de uma semana, poucas instituições, incluindo as de ensino superior, têm um plano B em caso de falta d’água.

De acordo com a Resolução 40, da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), o cumprimento do plano de emergência e contingência deverá garantir o abastecimento de água potável a creches, escolas e instituições públicas de ensino, hospitais e demais atendimentos de saúde pública, além de estabelecimentos de internação coletiva. Mesmo assim, as secretarias de Educação se mobilizam pelo consumo consciente nas escolas públicas.

Somente a rede municipal terá de volta semana que vem cerca de 190 mil estudantes. Hoje, a secretaria se reúne com representantes das instituições e das regionais de BH para definir estratégias. O estado, cuja rede tem 461 mil alunos na Grande BH, conta com um sistema de controle, o Sisconsumo, por meio do qual cada escola pode acompanhar seu consumo mensal de água e energia.
Também é por ele que a Secretaria de Estado de Educação (SEE) verifica quanto gastam os estabelecimentos de ensino. Quando detectado crescimento anormal, é emitido alerta para a unidade, pedindo justificativa do aumento.

Por meio de nota, a SEE informou que a rede adotará medidas de redução do uso da água, para atingir a meta estabelecida pelo governo de economia de pelo menos 30%. Já a orientação do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), enviada por circular aos colégios, é contratar caminhões-pipa para garantir água e não interromper as aulas. Enquanto muitas escolas esperam o início das aulas para discutir ações, o presidente da entidade, Emiro Barbini, critica: “Não dá para esperar voltar, tem que chegar segunda-feira com uma solução”. O documento ressalta a importância de campanhas contra o desperdício.

SAGRADO

A crise hídrica era apenas uma possibilidade remota ano passado, quando o Colégio Sagrado Coração de Jesus, no Bairro Funcionários, Centro-Sul de BH, se antecipou para garantir o abastecimento no prédio centenário. A escola tem abastecimento garantido pelo menos até agosto, graças a um reservatório de 450 mil litros construído recentemente. Se faltar água na região, limpeza e irrigação estão asseguradas. A medida garante economia de 30%.
O tanque capta toda a água pluvial que do telhado, passa por um filtro, vai para o reservatório e recebe tratamento com cloro. A partir daí, é usada para lavar piso, regar áreas verdes e na descarga. No período de estiagem, a água disponível garantia abastecimento até junho. Com as últimas chuvas, ele atingiu a capacidade máxima, com sobrevida por mais dois meses. “É um empreendimento caro e que precisará de longo prazo para ser pago, mas a natureza agradece”, afirma a diretora administrativa do colégio, Adriana Vilaça.

Outras ações completam a iniciativa do colégio. A piscina e os chuveiros funcionam com luz solar.

A iluminação do pátio é feita também por bateria recarregável com luz do sol e, do restante do prédio, à base de LED. A água da fonte também é da chuva.

MOBILIZAÇÃO

No Colégio Santo Antônio, também na Centro-Sul, cartazes serão afixados no pátio e o assunto será discutido em sala de aula. O Colégio Magnum, unidades Buritis e Nova Floresta, também desenvolve ações de conscientização. O Projeto Interciências estimula os alunos a pensar em soluções para os diversos problemas ambientais, entre eles, a água.

Coordenador pedagógico do colégio, Wyller Mello afirma que projetos desenvolvidos pelos alunos serão implantados este ano. Um deles propõe reuso da água de bebedouros. Parte da água que jorra será usada na limpeza dos espaços comuns do colégio, como pátio e quadra. Haverá ainda coleta de água pluvial para uso em outras atividades.

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