O desafio de impedir que os vazamentos joguem fora água captada pela Copasa antes que chegue às torneiras dos consumidores da Região Metropolitana de Belo Horizonte pode exigir esforços ainda maiores do que os 80 técnicos da força-tarefa reunida pela companhia para identificar e sanar esse desperdício. Só em BH, por exemplo, foram identificados e corrigidos 54 mil pontos onde a água se perdeu por trincas, fissuras e encanamentos quebrados no ano passado, segundo a empresa. A média é de 148 vazamentos por dia – seis por hora – drenando a água do sistema de distribuição. Ainda de acordo com a Copasa, obras e intervenções com perfuração do solo que danificam as tubulações são as principais causas de danos. Já o número de conexões clandestinas chegou a 1.044 no ano passado. Vazamentos e “gatos” são responsáveis pela perda de 40% da água potável.
Em dezembro, por exemplo, quando a crise hídrica se agravou, a média de vazamentos detectados e reparados foi de 138, sendo que a quantidade de pedidos de consertos feitos pelo número 155, da Copasa, foi de 250 ao dia. Isso se explica porque há mais de um pedido de intervenção por ponto danificado, de acordo com a empresa. Os números, contudo, não levam em conta vazamentos que ocorrem dentro de imóveis, em caixas d’água, hidrantes e encanamentos domésticos, que não são de responsabilidade da Copasa.
Hoje, a força-tarefa começa a caçar os vazamentos na região metropolitana e tenta baixar para menos de nove horas de trabalho a média de solução dos casos.
E não são apenas as obras particulares que rompem a rede de distribuição de água. Em janeiro , por exemplo, as obras de instalação de rede subterrânea de gás natural da Gasmig fizeram jorrar água potável da Copasa por várias horas na capital. O primeiro incidente foi no dia 21, na esquina das ruas Cláudio Manoel e Rio Grande do Norte, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul. No sábado passado, o estrago foi ainda maior com o rompimento de uma adutora que inundou a Rua Sergipe, entre a Rua Santa Rita Durão e a Avenida Cristóvão Colombo. Os reparos levaram cerca de uma hora e a água tratada que escoou foi parar na drenagem das ruas, seguindo direto para o Ribeirão Arrudas.
A falta de chuva deixou os reservatórios vazios. Desde 25 de janeiro, quando a Copasa passou a divulgar diariamente o nível das represas, a queda é frequente. O volume do Sistema Paraopeba (represas de Serra Azul, Vargem das Flores e Rio Manso) caiu de 30,26% para 29,6% (-2%). No mesmo período, caíram também os níveis das barragens de Vargem das Flores (-1,8%) e Rio Manso (-1,6%). Já o Sistema Serra Azul cresceu de 5,89% para 6,4% (8,6%)..