Jornal Estado de Minas

Mesmo com chuva, volume dos reservatórios que abastecem a Grande BH segue em queda

Previsão é de fim de semana com chuvas, o que já ocorre no interior

Guilherme Paranaiba
Volume de chuva nos primeiros dias do mês foi satisfatório, mas insuficiente para amenizar a crise - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
Apesar das chuvas que aliviaram o calor na capital nos primeiros dias de fevereiro, o movimento dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte ainda é de queda. Nessa quinta-feira, o Sistema Paraopeba – formado pelos mananciais Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores – registrou 29,5% de sua capacidade. Em 25 de janeiro, data em que a Copasa admitiu a crise hídrica e começou a divulgar os índices, o mesmo conjunto de reservatórios armazenava 29,7% (queda de 0,68%). Se analisados os cinco primeiros dias de fevereiro, também é possível observar a redução no armazenamento, que passou gradativamente de 29,9% para o 29,5% (-1,34%). O Rio das Velhas, que ao lado do Paraopeba responde pela maior parte do abastecimento da Grande BH e cuja captação ocorre diretamente no leito, também experimenta redução na vazão. Desde o dia 25, o volume disponível caiu em um terço.

A chuva neste mês já atingiu 30 milímetros na capital, segundo o centro de climatologia TempoClima/PUC Minas, o que equivale a 14% da média histórica de 206 milímetros para o segundo mês do ano. Especialistas acreditam que ainda é pouco para garantir uma infiltração considerável no solo, considerando o histórico recente de estiagem. A boa notícia é que até a próxima segunda-feira a expectativa é de chuva entre 80 e 110 milímetros em BH, o que pode significar metade da média de fevereiro nos nove primeiros dias do mês.


O professor Luiz Palmier, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais, explica que, como a impermeabilização é grande na área urbana, a maior parte da água da chuva escorre pelo solo e vai diretamente para os cursos d’água, antes de se infiltrar e garantir condições ideais para recarga do sistema. “A bacia tem que ter recebido chuva durante algum tempo para encharcar o solo. Neste momento, as bacias de onde a Copasa tira água ainda estão com baixo volume, diante do histórico de pouca chuva. Essa precipitação precisa se estender por mais dias, para garantir o início de um processo de recarga”, explica o especialista.

Outra variável que precisa ser observada, segundo Palmier, é o balanço hídrico entre a saída e a entrada de água no reservatório. “Temos que lembrar que a água sai por três fatores: evaporação, que pode até estar maior, devido ao calor, a vazão necessária para que o curso d’água continue depois do reservatório e a retirada para o consumo. Portanto, não dá para esperar que já tenhamos altos níveis quando está começando a chover”, conclui o professor da UFMG.

O mês de janeiro terminou com chuvas de 94,7 milímetros em BH, o que corresponde a 34% da média. Fevereiro começou com 30 milímetros nos cinco primeiros dias, 14% dos 206 milímetros esperados, o que é satisfatório para atingir a média até o fim do mês, segundo o meteorologista Heriberto dos Anjos, do TempoClima/PUC Minas. “A perspectiva é um pouco melhor, pois temos previsão de chuvas que podem variar de 80 a 110 milímetros de hoje (ontem) até o dia 9. Isso significaria mais da metade das chuvas do mês nos nove primeiros dias”, afirma.

Temperatura mais amena

Ainda segundo o meteorologista, a previsão de chuvas vale para todo o estado, devido a uma área de baixa pressão entre o litoral do Rio de Janeiro e Minas Gerais, além da umidade alta, que vai permanecer no mínimo até a próxima segunda-feira. “Teremos chuvas em forma de pancadas em toda o território mineiro, com maiores índices nas regiões Metropolitana de Belo Horizonte, Central, Zona da Mata, Vale do Rio Doce e Noroeste”, acrescenta. Segundo o TempoClima/PUC Minas, as chuvas também vão trazer um alívio no calor que tem incomodado a população. “Até segunda-feira, as temperaturas devem cair devido à cobertura de nuvens, e não vão exceder os 26 graus”, completa Heriberto dos Anjos.


Em nota, a Copasa informou que a precipitação tem maior influência sobre os reservatórios quando ocorre na cabeceira dos rios. “Chuvas registradas na cidade não influenciam os níveis”, diz o texto encaminhado pela assessoria de comunicação da empresa, acrescentando que a recuperação só deve ocorrer quando passar a chover continuamente.

Torneiras fechadas


O abastecimento de água será interrompido no fim de semana em 94 bairros de Belo Horizonte. Segundo a Copasa, a suspensão ocorrerá no domingo, para substituição de transformador do sistema elétrico da estação elevatória de água tratada da Rua Castelo Novo, no Bairro São Lucas, Região Centro-Sul da capital. A promessa é de que o abastecimento volte gradativamente na tarde do mesmo dia. Confira a lista dos bairros afetados:

Alípio de Melo, Alto Barroca, Alto Colégio Batista, Alto dos Pinheiros, Álvaro Camargo, Aparecida, Barroca, Betânia, Bom Jesus, Bonfim, Cabana, Cachoeirinha, Caiçara, Calafate, Califórnia, Campus da PUC, Caparaó, Carlos Prates, Carmo, Celeste Império, Celso Machado, Centro, Cidade Jardim, Cidade Nova, Cinqüentenário, Colégio Batista, Concórdia, Conjunto Califórnia, Conjunto Itacolomi, Conjunto Santa Maria, Conjunto Santos Dumont, Coração de Jesus, Coração Eucarístico, Cruzeiro, Da Graça, Dom Bosco, Dom Cabral, Ermelinda, Estoril, Floresta, Frei Eustáquio, Funcionários, Gameleira, Glória, Grajaú, Gutierrez, Havaí, Inconfidência, Ipanema, Jardim América, João Pinheiro, Lagoinha, Lourdes, Luxemburgo, Minas Brasil, Monsenhor Messias, Morro das Pedras, Nova Cachoeirinha, Nova Cintra, Nova Esperança, Nova Gameleira, Nova Granada, Nova Suíça, Ouro Preto, Padre Eustáquio, Paraíso, Patrocínio, Pedreira Prado Lopes, Pedro II, Pindorama, Prado Lopes, Prado, Primavera, Progresso, Renascença, Sagrada Família, Salgado Filho, Santo Agostinho, Santo André, Santo Antônio, São Bento, São Cristóvão, São José, São Lucas, São Pedro, São Salvador, Savassi, Senhora dos Passos, Serra, Sumaré, Vila Oeste, Vila Paris, Vila Silveira e Vista Alegre..