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Estado de Minas

Aeroporto de Confins tem mais uma manhã de transtornos neste sábado

Após uma sexta-feira caótica, o terminal voltou a ser fechado neste sábado devido ao mau tempo. O aeroporto registrou 50 cancelamentos até o início da tarde


postado em 07/02/2015 08:35 / atualizado em 08/02/2015 10:25

(foto: Renata Neves/EM/D.A.Press)
(foto: Renata Neves/EM/D.A.Press)

O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem mais um dia conturbado. Após uma sexta-feira caótica, o terminal voltou a ser fechado para pousos na manhã deste sábado devido ao mau tempo. Só pela manhã, 26 voos domésticos previstos para chegarem na capital mineira foram cancelados. Durante boa parte da manhã, vários outros aparecem com atraso meteorológico. Outros 24 voos que deveriam deixar o aeroporto também foram cancelados, desde a madrugada até o início da tarde.

Na sexta-feira, o terminal ficou fechado em quatro ocasiões e passageiros tiveram de enfrentar longo tempo de espera. No boletim da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), divulgado no início da madrugada deste sábado, 65 voos foram cancelados no aeroporto, o índice mais alto do país. De acordo com a BH Airport, concessionária responsável pelo terminal, outros 69 sofreram atrasos e 37 tiveram que ser deslocados para aeroportos de cidades brasileiras.

Passageiros já enfrentavam filas nos guichês do aeroporto no início da manhã de sábado(foto: Renata Neves/EM/D.A.Press)
Passageiros já enfrentavam filas nos guichês do aeroporto no início da manhã de sábado (foto: Renata Neves/EM/D.A.Press)
Devido aos atrasos e cancelamentos, milhares de pessoas ficaram no saguão. Longas filas se formaram nos guichês de atendimentos das companhias aéreas. Houve bate-boca entre funcionários e passageiros, que reclamaram da falta de informação e auxílio.

O professor João Rabelo Leão Júnior, de 39 anos, é um dos muitos que vêm sofrendo com os problemas de Confins. Ele chegou em uma conexão à capital mineira nesta sexta-feira, vindo de Brasília, e deveria chegar em Porto Seguro no mesmo dia. Na manhã deste sábado ele ainda não havia deixado a cidade. O primeiro trecho do percurso, entre Brasília e BH, que geralmente dura 1h20, demorou cerca de 9 horas. Devido ao mau tempo, o avião não pode pousar e teve de sobrevoar a cidade várias vezes. A aeronave chegou a ir para o Rio de Janeiro, antes de finalmente aterrissar em Belo Horizonte. Na manhã deste sábado, ele aguardava no saguão do aeroporto, quando descobriu que o voo, marcado para sair às 7h54 de Confins, havia sido transferido para o Aeroporto da Pampulha.

A reportagem tentou entrar em contato com a BH Airport durante a manhã deste sábado, mas não teve sucesso. 


Goteiras e falta de equipamento

Além da falta de informação por parte das empresas, os passageiros também tiveram que conviver com goteiras em alguns lugares do terminal nesta sexta, que ainda passa por obras. A BHAirport informou que os locais onde a água ficou empoçada foram isolados e funcionários fizeram a limpeza.

Outro problema levantado pelos passageiros foi a falta do ILS (instrument landing system, sigla em inglês), aparelho que dá a orientação precisa ao piloto durante o pouso. O Aeroporto de Confins não conta com o equipamento.

Funcionários de empresas aéreas justificaram, conforme pessoas ouvidas pelo em.com.br, os atrasos e cancelamentos pela falta do ILS. A BH Airport admitiu que o equipamento ainda está em fase de homologação pela aeronáutica e ainda não tem data para entrar em operação. Além disso, informou que mesmo com o equipamento a situação seria crítica, pois o fechamento do terminal se deu pela má visibilidade.

'Fechamento justificado'

O major brigadeiro do ar reformado e ex-secretário geral da Organização da Aviação Civil Internacional, Renato da Costa Pereira, explica que mesmo com o equipamento, quando a visibilidade de pouso é comprometida o fechamento é justificado. “Quando o piloto chega em um momento que chamamos de altitude crítica, se ele não enxergar a pista, o correto a fazer é arremeter e tentar outro procedimento”, afirma. “Tanto faz qual equipamento esteja disponível, desde que se respeite os limites descritos no procedimento de descida oficial”, ressalta.

Durante todo seu tempo como piloto, os procedimentos de pouso eram feitos sem o ILS. A vantagem que o equipamento traz é a precisão, uma vez que ele fornece não só a direção que o piloto deve seguir, como também a altura exata em que ele se encontra. “Ele permite ao piloto muito mais informações e segurança para comandar o avião e ajudá-lo a tomar decisões. Mas se ele cumprir todas as informações e limites do procedimento, não há perigo em pousar sem. O perigo começa quando o piloto ultrapassa esses limites”, pontua.

Problemas desde dezembro

Contatada pela reportagem do Estado de Minas em dezembro (leia a matéria), a concessionária confirmou a ausência do ILS, devido a obras de ampliação da pista de pousos e decolagens. O comunicado, contudo, não definiu uma data para a reinstalação do equipamento.

Pilotos contatados pelo EM à época informara terem sido notificados do desligamento do equipamento no período de 8 de dezembro de 2014 a 4 de março de 2015.

Leia na íntegra a nota da concessionária, enviada ao EM em 14/12/2014:

O aeroporto alternou momentos de baixa visibilidade neste domingo, especialmente no período da manhã,  que impactou algumas operações, ajustadas durante o dia pelas companhias aéreas. 

O ILS (Instrument Landing System) – sistema de pouso por instrumento – é um dos equipamentos de auxílio à aeronavegação. Ele é utilizado em situações de baixa visibilidade. Outros equipamentos que compõem o sistema estão ativos e garantem a segurança de pousos e decolagens. 

O ILS está desativado devido a obras de ampliação da pista de pousos e decolagens, conforme programação feita junto às companhias aéreas e à comunidade aeronáutica via NOTAM (Notice to Airmen).

As obras, sob controle da Infraero, exigiram a realocação do aparelho.  Os trabalhos de reinstalação já tiveram início e estão a cargo também do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

A BH Airport acompanha os trabalhos junto à Infraero para que o ILS retorne a operar o mais rapidamente possível.

 


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