A Copasa não tem como fazer manobras em sua rede de forma a garantir o atendimento seletivo a hospitais, escolas, centros de saúde e presídios em caso de adoção de rodízio de fornecimento de água em Belo Horizonte. A empresa informou que, nesse caso, pretende recorrer a caminhões-pipa para garantir o funcionamento dos serviços. Pela Resolução 40 da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), em caso de adoção de plano de emergência deve ser garantido o abastecimento a instituições de saúde, estabelecimentos de internação coletiva, além de creches, escolas e instituições públicas de ensino. “A Copasa já garante esse fornecimento, mesmo quando ocorrem paralisações programadas para a manutenção. O mesmo ocorrerá em caso de rodízio”, informou a estatal. Em cidades como Pará de Minas, na Região Centro-Oeste, o uso de veículos para abastecer serviços essenciais já foi adotado durante a crise do ano passado.
Uma fase decisiva para a possibilidade de adoção de medidas de restrição de fornecimento ocorrerá amanhã, em reunião no Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). A Copasa somente poderá implantar providências como o rodízio quando for decretado estado crítico dos recursos hídricos, situação cujos critérios devem ser definidos pelo Igam. Segundo o instituto, a deliberação normativa é importante, porque Minas tem grandes variações regionais em termos de disponibilidade de água e o Conselho Estadual de Recursos Hídricos deve definir os parâmetros para cada uma delas. A possível revisão de outorgas não será discutida no encontro de amanhã, pois já existe previsão legal para isso, segundo o Igam.
A possibilidade rodízio, segundo a Copasa, está sendo permanentemente estudada pelo seu corpo técnico e poderá evitar a necessidade de futuro racionamento. “Quando necessário, o rodízio se dará de forma programada e pré-definida, para que as pessoas possam se organizar para lidar com a situação de contingência”, informou a empresa. Porém, qualquer medida a ser tomada será submetida antes à agência reguladora, a Arsae.
Prefeitura anuncia plano de economia
Nessa terça-feira, a Prefeitura de Belo Horizonte anunciou o seu Plano de Contigência para economizar água e atingir a meta de redução de 30% do consumo imposta pela Copasa. De acordo com o chefe da Coordenadoria Municipal de Defesa Social (Comdec), coronel Alexandre Lucas, responsável pelo estudo, com as medidas o município economizaria R$ 1 milhão com a conta de água.
O plano tem três pilares estratégicos: consumo interno (conservação de prédios), consumo público (que abrange o terminal rodoviário, escolas e outros órgãos com grande movimentação de público) e irrigação de parques, praças, canteiros de avenidas. Servidores serão mobilizados para identificar e sugerir medidas de diminuição do consumo em seus locais de trabalho.
Todos os funcionários públicos participarão de palestras para esclarecimento das medidas e serão incentivados a aproveitar a água da chuva, adotando cuidados para evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue. Também serão incentivados a levar garrafinhas de água para o trabalho e a economizar na lavagem de copos. Os resultados do plano devem ser monitorados por um site a ser criado na internet. Servidores que atingirem a meta de poupança serão premiados.
Na Comdec, carros que circulam por vias de terra e que se sujam muito não serão mais lavados no local. Uma empresa contratada fará a limpeza com máquina de pressão, que gasta menos água. Os 90 guardas municipais da Comdec vão fazer exercícios físicos por conta própria em casa e já devem ir trabalhar com banho tomado. “Com isso, vamos economizar 90 banhos por semana. Os guardas vão economizar água para toda a cidade”, disse o coordenador de Defesa Civil. Pela legislação, esses profissionais devem fazer uma hora e meia de exercícios físicos por semana, mas não haverá monitoramento da atividade feita no ambiente doméstico.
Também será feito estudo de nascentes de água em parques, como o municipal e o das Mangabeiras, para uma avaliação, com ajuda do Igam, sobre a possibilidade de uso na irrigação de praças e parques. Ainda de acordo com o Plano de Contingência, uma mina d’água e um poço artesiano serão reativados no terminal rodoviário, para economizar no fornecimento da Copasa. Para lavar as ruas durante o carnaval, a UFMG vai oferecer água de uma piscina com 3 milhões de litros, que está cheia, mas ainda não é usada por estar em fase de testes. Segundo a Superintendência de Limpeza Urbana, será necessário um milhão de litros de água para o serviço. (Com Junia Oliveira)