“Nossa expectativa é que a Justiça ocorra, pois a impunidade leva a mais violência”. Esse é o sentimento da artesã Lilian Copio Felício da Silva, de 75 anos, que há mais de cinco anos e meio vive a tristeza da perda do filho, Gustavo Felício da Silva, de 39. O homem foi assassinado em agosto de 2009 pelo empresário Leonardo Coutinho Rodrigues Cipriano, que era sócio da vítima na Boate Pantai Lounge, no Bairro Cidade Jardim, Centro-Sul de Belo Horizonte. O crime foi no próprio estabelecimento. O acusado será levado a Júri nesta quinta-feira às 13h no Fórum Lafayette.
De acordo com o inquérito policial, Cipriano, depois de desviar parte de uma verba de patrocínio da casa noturna, matou Gustavo com um tiro na cabeça, na tarde de 28 de agosto de 2009. Ele enrolou o corpo numa manta de isolamento acústico, colocou nos fundos da boate e na mesma noite participou de uma festa no local. Ele deixou a vítima dentro de um carrinho de supermercado e o corpo foi encontrado em estado de decomposição.
Ciprino chegou a simular que seu sócio havia sido vítima de um latrocínio (roubo seguido de assassinato). À policia contou que, quando o viu pela última vez, a vítima tinha saído com um malote com R$ 7 mil, que seriam destinados a pagar contas. O empresário abandonou o carro da vítima nas proximidades da boate, deixando no veículo a carteira de Gustavo, com documentos e R$ 320.
O acusado foi pronunciado pelo juiz Guilherme Queiroz Lacerda em 2011. Porém, recorreu da sentença. Em julho de 2012, o desembargador Adilson Lamounier manteve a decisão e o júri popular. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social, Cipriano não chegou a ser preso por causa do crime.
A família de Gustavo estará presente no julgamento desta quinta-feira. A expectativa é que consigam a prisão do réu. “A morte é uma ferida eterna, mas temos no coração a certeza que nas mãos de Deus essa justiça vai ser feita, mas essa chaga nunca vai acabar. Ele está usando todos os recursos que cabem, então, nossa expectativa é que agora talvez não haja mais espaço. Tem muita brecha na lei que pode ser usada”, critica Lílian Copio.
A artesã ainda não sabe como será o momento de ficar cara a cara com o acusado de matar o seu filho. “ Estou tentando preparar psicologicamente para ter maior tranquilidade possível e ter força emocional. Nunca encontrei com ele nesse tempo todo e não tinha vontade”, comentou. Segundo ela, a família inteira sofreu com a morte de Gustavo. “Depois do crime, acabou da vida da família como um todo. Uma coisa que não tem reparação. Quando perde uma pessoa querida por doença, acidente, você põe um ponto final, mas neste caso, fica faltando um fechamento”, disse Lílian.
O em.com.br tentou contato com os advogados de Leonardo Cipriano, mas nenhum deles atendeu as ligações.